A confissão, ou Sacramento da Penitência, é o caminho escolhido por Nosso Senhor para nos redimirmos com Ele, com nossos irmãozinhos e conosco.
Nesses dias andei atribulado para me confessar, julgando-me culpado (é lógico!), porém mais do que o necessário e o devido. Então analisei de onde provinha tanto medo e acabrunhamento para buscar o socorro no sofrimento da alma, e percebi que era o sentimento de impenitência que me invadia, sorrateiramente...perigoso ardil de satanás para confundir-nos, aumentando em nós a tibieza, para nos atingir com um golpe que poderá ser fatal para nossa Fé.
Procurei logo, então, o socorro do Sacerdote, e o remédio da Confissão.
Antes, procurando fazer um mais detalhado exame de consciência, deparei-me com o artigo abaixo, que publico no desejo de que também possa levá-lo/a, ainda hoje, ao confessionário, para que você também reabilite-se com o Senhor e volte para a Graça!
Deus o/a abençoe!
O SACRAMENTO DA CONFISSÃO.
CONFESSAI-VOS BEM !!!
Parte XVI.
Modo prático de se confessar.
Exame
D.
— Padre, depois dessas coisas tão bonitas que me disse até
agora sobre a confissão, tenha a bondade de acrescentar
algumas palavras sobre o modo de se confessar. Tenho medo de
não ser capaz e de me confessar bem.
M.
— E por que esse medo? "A confissão,
como a definiu o suavíssimo Papa Pio X, é a descoberta mais
oportuna que Jesus soube fornecer à enfermidade humana".
Isso quer dizer que é o Sacramento mais fácil de se receber,
ao alcance de todos, e que não requer condições difíceis, de
modo que, todos os que têm boa vontade para fazer uma boa
confissão, sempre o conseguem.
Aqueles então que têm muito medo de se confessarem mal, são
os que se confessam melhor, justamente por causa do medo.
D.
— Devemos também rezar antes da confissão?
M.
— Sendo uma verdade de fé que, sem o auxílio da graça,
não nos podemos confessar bem, devemos pedir esse auxílio
com a oração:
1)
Avivando a fé nesse Sacramento, que é o principal meio de
santificação.
2)
Agradecendo a Jesus que quis dar-nos tão valioso presente à
custa da sua paixão e morte.
3)
Recomendando-nos à nossa querida mãe. Maria Santíssima,
refúgio dos pecadores, ao nosso Anjo da Guarda, às Almas do
Purgatório.
Depois
disso fazemos o exame de consciência.
D.
— Ah, Padre, aqui começam as minhas inquietações. Eu não sou
capaz de fazer o exame de consciência: ou não me lembro dos
pecados, ou então me esqueço deles quando chego ao
confessionário.
M.
— Vá devagar, meu caro, não turvemos a água com a
aflição. Com o medo não se faz nada direito, mas, se nos
aplicarmos com calma e confiança em Deus venceremos na
certa.
Façamos o que nos for possível, e o Senhor suprirá ao resto;
muitas vezes, é justamente quando estamos menos satisfeitos
com nós mesmos que a sua satisfação é maior.
D.
— Todos são obrigados a fazer o exame?
M.
— Eu já vou dizendo que, se para uns o exame é obrigatório,
para outros pode ser nocivo.
D.
— É obrigatório para quem?
M.
— Um exame sério e diligente é obrigatório:
1) Para os que cometem pecados mortais.
2) Para os que se confessam raramente.
3) Para os que, há algum tempo, não se confessam bem.
Todos
esses, devendo acusar faltas graves, as circunstâncias que
transformam a espécie, e também o número das mesmas, é claro
que devem fazer um exame sério e cuidadoso.
D.
— O quê se deve fazer para um bom exame?
M.
— Para fazer um bom exame, devemos passar em revista diante
da nossa consciência os mandamentos de Deus e da
Igreja, juntamente com os deveres do próprio estado.
Devemos examinar-nos sobre cada um deles para saber se
pecamos por pensamentos, palavras, obras e omissões,
tendo em mira principalmente a paixão predominante e as
causas geradoras das faltas costumeiras.
Portanto, no que diz respeito ao primeiro mandamento,
devemos observar se não tivemos fé em qualquer verdade
de nossa religião se tomamos parte em conversas contra a
religião, ou, se prestamos atenção a elas; se lemos livros
ou jornais contra a religião; se cometemos sacrilégios,
fazendo más Confissões ou más Comunhões, ou desprezando
coisas ou pessoas sagradas; se cometemos práticas
supersticiosas, ou se participamos de alguma sessão
espírita.
Quanto
ao segundo mandamento, observemos se blasfemamos o
nome de Deus, da Virgem ou dos Santos, ou se fizemos
juramentos ilícitos.
Quanto
ao terceiro mandamento, observemos se não assistimos à
Missa nos dias santos de guarda, ou se não assistimos à ela
com a devida atenção; se, propositadamente, faltamos ao
catecismo, ou ao sermão; se fizemos trabalhos manuais ou
obras servis, ou então se passamos o dia de festa em
divertimentos, pagodes, botequins.
Quanto
ao quarto mandamento, vejamos se não respeitamos
nossos pais e superiores, faltando-lhes ao respeito com
palavras, obras ou insultos; ou se os fizemos chorar com o
nosso mau procedimento.
Quanto
ao quinto mandamento vejamos se golpeamos gravemente,
ou se ferimos alguém; se nutrimos no coração ódio a alguma
pessoa; se pensamos em vingança; se lançamos imprecações ou
maldições; se demos escândalo, isto é, se com palavras ou
ações excitamos outros ao pecado.
Quanto
ao sexto e nono mandamentos, examinemos se tivemos
pensamentos ou desejos contrários à castidade, se
consentimos neles ou se fomos negligentes em afastá-los; se
tomamos parte em conversas escandalosas, ou se lhes
prestamos atenção; se lemos livros obscenos; se cometemos
atos impuros, e se os cometemos sozinhos ou com outros e de
que condição eram esses outros, desde que essas
circunstâncias mudam a malícia do pecado; e se repetimos
esses atos; se freqüentamos bailes ou espetáculos
desonestos.
Quanto
ao sétimo e décimo mandamentos examinemos se não
roubamos alguma soma ou coisa de valor, seja em casa, seja
de outras pessoas; se causamos danos; se tivemos pensamentos
ou desejos de nos apropriarmos das coisas dos outros
injustamente.
Chegando o oitavo mandamento vejamos se proferimos
injúrias graves ou danosas; se murmuramos ou caluniamos
gravemente; se causamos prejuízos à estima ou à honra de
alguém.
Passando aos preceitos da Igreja, basta observar se
violamos dias proibidos; ou se sendo obrigados a jejuar não
o fizemos: finalmente se omitimos a Confissão e Comunhão bem
feita no tempo da Páscoa.
Acrescentemos a esse exame sobre os mandamentos de Deus e da
Igreja, um pequeno exame sobre os vícios capitais,
considerando se cometemos pecados graves de soberba, de
gula, de ira, de inveja; e para terminar deitemos um
olhar para as obrigações do próprio estado.
D.
— Para as obrigações do próprio estado também?
M.
— Certamente! Um pai ou uma mãe, um marido ou uma
mulher, um professor, um superior qualquer, podem muito bem
observar todos os mandamentos, e ao mesmo tempo faltar
gravemente aos deveres do próprio estado; o mesmo se dá com
as crianças.
Portanto, o exame de consciência sobre os deveres do próprio
estado é de suma importância, quando se quer fazer uma boa
Confissão. A anedota seguinte é histórica.
O
Imperador Carlos V, estava em viagem e, passando por um
convento, quis confessar-se. Um religioso, cheio de
caridade, ouviu a confissão do imperador e depois
acrescentou:
"Confessus
es peccata Caroli... nunc confitere peccata Caesaris...
—
Confessaste-me os pecados de Carlos, isto é, como se não
fosse imperador; confessa-me agora os pecados que cometeste
no desempenho do teu cargo".
E, com
muita habilidade e simplicidade, interrogou-o sobre o modo
como governava o seu povo. O imperador ficou tão comovido
que, mais tarde, quando contou o fato, disse:
"Finalmente encontrei quem me iluminou sobre certos
argumentos, e deu à minha consciência paz completa!"
D.
— Padre, será que todos são capazes de fazer "um exame tão
diligente?"
M.
— Os
que não forem capazes, apresentem-se ao confessor, prontos
para declarar todos os fatos de que se lembram, para
responder sinceramente às perguntas que ele lhes fizer:
é quanto basta.
D.
— E se
o confessor não fizer perguntas e se o penitente esquecer
dos pecados mortais?
M.
—
Os pecados, mesmo os mortais, quando não são
propositadamente esquecidos, são perdoados como os que se
confessar, ficando o penitente obrigado e declará-los, se se
lembrar deles, nas confissões seguintes.
D.
— Enquanto isso podemos ir para a Comunhão com a consciência
tranqüila?
M.
—
Sim, podemos ir para a Comunhão com a consciência
tranqüila mesmo em ponto de morte.
D.
— Padre, o senhor disse que nos devemos examinar sobre
pensamentos e desejos?
M.
—
Certamente, porque, quando maus, os pensamentos e desejos
também são pecados.
—
Mamãe, perguntou um menininho, se, como a senhora me
ensinou, nada no mundo se perde, aonde vão parar os
pensamentos e desejos?
— Meu
filho, respondeu gravemente a mãe; vão morar na
memória de Deus, e ali ficam para sempre.
— Para
sempre! exclamou o menino surpreendido. Pensou um pouco, de
cabeça baixa, e depois, abraçando a mãe bem apertado,
murmurou baixinho:
—
Eu tenho medo! E pensando bem, quem é que não se
sente compelido a dar o mesmo grito: eu tenho medo!...
E se certos pensamentos nos causam medo, por que não devemos
examiná-los e detestá-los?
D.
— Os maus pensamentos são sempre pecado?
M.
— Não, meu filho, algumas vezes não são pecado; outras
vezes são pecado venial; mas podem também ser pecado mortal.
Ouça
esta comparação:
Uma
fagulha que cai sobre um vestido branco e é logo retirada
não deixa mancha. Se a deixarmos ali, alguns instantes,
deixa uma mancha chamuscada. Se a deixarmos ali, para ver o
resultado, ela acaba queimando o vestido.
Assim acontece com os maus pensamentos. Se os expulsarmos
logo, não são pecado nenhum; se consentirmos neles por
alguns instantes são pecado venial; se ficarmos a seguir o
curso, até ao fim, com plena consciência do que estamos
fazendo e com prazer, nesse caso são pecado mortal.
D.
— Quais são os que não são obrigados a fazer um longo exame?
M.
— As almas que tem temor de Deus e que se confessam
sempre não são obrigados a um exame demorado, porque,
segundo o célebre Frassinetti ou não cometem pecados
mortais, ou então, na hipótese de cometerem algum, não se
esqueceriam dele.
D.
— Então, Padre, fazem mal os que ficam angustiados e se
agitam porque não acham pecados?
M.
— Certamente! 'Não é de estranhar, diz ainda
Frassinetti, se, não cometendo pecados, não os encontrais.
Agradecei a Deus, e continuai a ficar deles afastados com o
auxílio dos Sacramentos".
Lembro-me de um menino que indo para a confissão chorava
como uma videira recém-cortada.
— Por
que, pequeno, eu perguntei, por quê você chora tanto?
—
Porque eu não encontro pecados!
— Você
não os cometeu?
— Não,
Padre, pecados eu nunca cometi.
D.
—
Diga-me enfim, Padre: para quem pode o exame ser nocivo?
M.
— Pode ser nocivo para as almas confusas, agitadas,
irritadiças, escrupulosas, as quais, por terem a convicção
de que devem fazer as contas como se se tratasse de
matemática, não acabam nunca de se examinar para chegar
sempre a zero, com despeito e desânimo sempre crescentes. Em
tais casos, o Confessor proíbe o exame, e elas devem
obedecer.
D.
— Agradecido por tudo, Padre; eu nunca me esquecerei disso.
fonte: Últimas e Derradeiras Graças
Seja Feliz!
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