quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O Inferno - São João Bosco

Deparei-me com este artigo, hoje, na internet.

Considerando o seu autor, São João Bosco, dispenso mais comentários.




Meditação I
Sobre o Inferno e a
Eternidade das Penas

Por São João Bosco
- Presbítero
Sobre o Inferno
1º)- O Inferno é um local destinado pela Justiça divina para castigar com suplícios eternos os que morrem em pecado mortal.

A primeira pena que os condenados padecem no Inferno é a dos sentidos, por ser todo o seu corpo atormentado por um fogo que arde horrivelmente sem jamais diminuir.

Esse fogo penetrará pelos olhos, pela boca e por todo o corpo, e cada um do sentidos padecerá uma pena especial.

Os olhos ficarão obscurecidos pelo fumo e pelas trevas, e aterrorizados ao ver os demônios e os demais condenados.

Os ouvidos não ouvirão incessantemente senão gritos, uivos, prantos e blasfêmias.

O olfato será atormentado com o mau cheiro do enxofre e betume ardentes, que o sufocará.

A boca sofrerá sede ardentíssima e padecerá uma fome canina: "Sofrerão fome como cães" (Sl 58,7; 15).Deus permitiu que o rico Epulão, em meio aqueles tormentos, dirigisse um olhar a Lázaro, pedindo por misericórdia uma gota de água para aliviar o ardor que o consumia; mas até esta lhe foi negada.

Aqueles infelizes, em meio às chamas, devorados pela fome e sede, atormentados por um fogo que não cessa, bradam, uivam e se desesperam.

Ah!Inferno, Inferno, como são desgraçados os que caem nos teus abismos!

E tu, meu filho, que dizes?

Se tivesses que morrer neste momento, para onde irias?

Se não podes suportar agora, se gritar de dor, a ligeira chama de uma vela na mão, como poderás sofrer aquelas chamas por toda a eternidade?

2º)- considera por outro lado, meu filho, o remorso que sentirá a consciência dos condenados.Sua memória, entendimento e vontade padecerão terrivelmente tormentos.

Recordarão continuamente o motivo porque se perderam, isto é, por terem querido satisfazer uma paixão qualquer, e esse pensamento será para eles um verme roedor que jamais morrerá.

Pensarão no tempo que Deus lhe tinha concedido para salvar-se da perdição; nos bons exemplos de seus companheiros; nos propósitos formados e não postos em prática.Pensarão nas pregações ouvidas, nos conselhos de seus confessores, nas boas inspirações pra deixar o pecado...E, vendo que já não há remédio, lançarão uivos desesperados.

A vontade jamais terá nada do que deseja, sofrendo pelo contrário todos os males.

O entendimento conhecerá o bem imenso que perdeu.A alma, separada do corpo e apresentada diante do divino tribunal, entreviu a beleza de Deus, conheceu sua bondade, contemplou por um instante o esplendor do Paraíso, terá ouvido talvez os dulcíssimos e harmoniosos cantos dos Anjos e Bem-aventurados.Que dor, vendo que tudo isso lhe é arrebatado para sempre!

Que horrorosos tormentos!Quem poderá suportá-los?

3º)- Meu Filho, que agora não te preocupas em perder a Deus e o Paraíso!Esperas por acaso conhecer tua cegueira, quando tantos companheiros teus, mais ignorantes e mais pobres do que tu, estiverem gloriosos e triunfantes no reino dos céus, e tu estiveres maldito por Deus e arrojado fora daquela pátria bem-aventurada, do gozo de Deus, da companhia da Virgem Santíssima e dos Santos?

Decide-te, pois, a servir ao Senhor, e faz penitência.Não aguardes para quando não haja mais tempo.Entrega-te a Deus.Quem sabe se esta meditação não será o teu último chamado da graça!Se não correspondes a ele, tu te expõe a que Deus te abandone e te deixe cair nos eternos suplícios.

Ah!Senhor, livrai-me das penas do inferno!
A eternidade das penas
1º)- Considera, meu filho, que se caíres no Inferno, dele jamais saíras.Nele se padecem todas as penas, e todas elas para sempre.

Passarão cem anos, mil anos, e o Inferno estará apenas começando; passarão cem mil anos, cem milhões de anos, milhões de milhões de anos e de séculos...e o Inferno estará ainda apenas começando.

Se um Anjo anunciasse a um condenado que Deus haveria de livrá-lo do Inferno depois de passar tantos milhões de séculos como gotas de água que há no mar, ou folhas de árvores e grãos de areia no mundo, essa notícia lhe causaria logo um consolo indizível."É certo, exclamaria, que é imenso o número de séculos que sofrerei, afinal, haverá um dia em que eles acabarão".

Mas, ai! passarão esses milhões de séculos e uma infinidade de outros, e o Inferno estará sempre apenas começando.

Cada condenado quereria poder dizer a Deus: "Senhor, aumentai quanto quiserdes minhas penas, e fazei-me permanecer aqui o tempo que quiserdes, contanto que me deis a esperança de ver este suplício acabar um dia!"Mas não!Esse término e essa esperança jamais chegarão.

2º)- Se ao menos o condenado pudesse iludir-se a si mesmo, pensando consigo: "Quem sabe se Deus algum dia terá piedade de mim e me tirará deste abismo!"

Mas, não!Jamais abrigará esta esperança!O condenado terá sempre presente a sentença de sua condenação eterna: "Este tormentos, este fogo, estes horríveis gritos, eu os terei para sempre".

Sempre! verá escrito nas chamas que o devoram.Sempre! na ponta das espadas que o transpassam; Sempre!, nas horríveis fisionomias dos demônios que o atormentam; Sempre!, naquelas portas fechadas que jamais se abrirão para ele!

Ó eternidade, ó abismo sem fundo!Ó mar sem limites!Ó caverna sem saída!Quem não tremerá pensando em ti?Ó maldito pecado, que tremendos suplícios preparas para quem te comete!Ah!Basta de pecados, basta de pecados em toda a minha vida!

3º)- O que deve encher-te de espanto é pensar que essa horrível fornalha está sempre aberta debaixo de teus pés e que basta um único pecado mortal para cair nela.

Compreendes, meu filho, isto que lês? Um pecado que cometes com tanta facilidade merece uma pena eterna.Uma blasfêmia, uma profanação dos dias festivos, um furto, um ódio, uma palavra, um ato, um pensamento obsceno, bastam para condenar-te às penas do Inferno.

Ah!meu filho, ouve atentamente o meu conselho; se a consciência te censura de algum pecado, vai imediatamente confessar-te para principiar logo uma boa vida; põe em prática todos os conselhos do teu confessor e se for necessário faz uma confissão geral; promete fugir das ocasiões perigosas, das más companhias, e se deus te chamar a deixar o mundo, obedece-Lhe com prontidão.

Tudo o que se faz para evitar uma eternidade de tormentos é pouco, é nada: "nenhuma segurança é excessiva quando está em jogo a eternidade", escreveu São Bernardo.

Oh!quantos jovens na flor da idade abandonaram o mundo, a pátria, a família e foram sepultar-se nas grutas e desertos, não vivendo senão de pão e água, às vezes só de algumas raízes!...E tudo isso para evitarem o Inferno!

E tu, o que fazes, depois de merecer tantas vezes o Inferno pelo pecado?

Lança-te aos pés de teu Deus e diz a Ele: "Senhor, vede-me pronto a fazer tudo o que quiserdes; já Vos ofendi demais até agora; de hoje em diante não Vos quero mais ofender; enviai-me, se preciso, todos os males nesta vida, desde que possa salvar minha alma".

Fonte: São João Bosco: 
O Jovem Instruído

(extraído de http://www.rainhadosapostolos.com/2007/05/o-inferno.html)

Seja Feliz!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

As provas da Ressurreição de Jesus - Prof. Felipe Aquino

A Igreja não tem dúvida em afirmar que a Ressurreição de Jesus foi um evento histórico e transcendente. No §639 o Catecismo afirma: “O mistério da Ressurreição de Cristo é um acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo Testamento. Já S. Paulo escrevia aos Coríntios pelo ano de 56: “Eu vos transmiti… o que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e depois aos Doze” (1Cor 15,3-4). O apóstolo fala aqui da viva tradição da Ressurreição, que ficou conhecendo após sua conversão às portas de Damasco.

500-jesus-318O primeiro acontecimento da manhã do Domingo de Páscoa foi a descoberta do sepulcro vazio (cf. Mc 16, 1-8). Ele foi a base de toda a ação e pregação dos Apóstolos e foi muito bem registrada por eles. São João afirma: “O que vimos, ouvimos e as nossas mãos apalparam isto atestamos” (1Jo1,1-2). Jesus ressuscitado apareceu a Madalena (Jo 20, 19-23); aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-25), aos Apóstolos no Cenáculo, com Tomé ausente (Jo 20,19-23); e depois, com Tomé presente (Jo 20,24-29); no Lago de Genezaré (Jo 21,1-24); no Monte na Galiléia (Mt 28,16-20); segundo S. Paulo “apareceu a mais de 500 pessoas” (1 Cor 15,6) e a Tiago (1 Cor 15,7).

S. Paulo atesta que Ele”… ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e foi visto por Cefas, e depois pelos Onze; depois foi visto por mais de quinhentos irmãos duma só vez, dos quais a maioria vive ainda hoje e alguns já adormeceram; depois foi visto por Tiago e, em seguida, por todos os Apóstolos; e, por último, depois de todos foi também visto por mim como por um aborto” (1 Cor 15, 3-8).

“Deus ressuscitou esse Jesus, e disto  nós todos somos testemunhas” (At 2, 32), disse São Pedro no dia de Pentecostes.  “Saiba com certeza toda a Casa de Israel: Deus o constituiu Senhor (Kýrios) e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2, 36). “Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos”.(Rm 14, 9). No Apocalipse, João arremata: “Eu sou o Primeiro e o Último, o Vivente; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos, e tenho as chaves da Morte e da região dos mortos” (Ap 1, 17s).

Toda a pregação dos Discípulos estava centrada na Ressurreição de Jesus. Diante do Sinédrio Pedro dá testemunho da Ressurreição de Jesus (At 4,8-12). Em At 5,30-32 repete.  Na casa do centurião romano Cornélio (At 10,34-43), Pedro faz uma síntese do plano de Deus, apresentando a morte e a ressurreição de Jesus como ponto central. S. Paulo em Antioquia da Pisídia faz o mesmo (At 13,17-41).

A presença de Jesus ressuscitado era a manifestação salvífica definitiva de Deus, inaugurando uma nova era na História humana; era a força do Apóstolos. Jesus ressuscitado caminhou com eles ainda quarenta dias e criou a fé dos discípulos e não estes que criaram a fé no Ressuscitado.

A primeira experiência dos Apóstolos com Jesus ressuscitado, foi marcante e inesquecível: “Jesus se apresentou no meio dos Apóstolos e disse: “A paz esteja convosco!” Tomados de espanto e temor, imaginavam ver um espírito. Mas ele disse: “Por que estais perturbados e por que  surgem tais dúvidas em vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! “Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, como, por causa da alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos, disse-lhes: “Tendes o que comer?” Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o então e comeu-o diante deles”. (Lc 24, 34s)

Os Apóstolos não acreditavam a principio na Ressurreição do Mestre. Amedrontados, julgavam ver um fantasma, Jesus pede que o apalpem e verifiquem que tem carne e ossos. Nada disto foi uma alucinação, nem miragem, nem delírio, nem mentira, e nem fraude dos Apóstolos, pessoas muito realistas que duvidaram a principio da Ressurreição do Mestre. A custo se convenceram. O próprio Cristo teve que falar a Tomé: “Apalpai e vede: os fantasmas não têm carne e osso como me vedes possuir” (Lc 24,39). Os discípulos de Emaús estavam decepcionados porque “nós esperávamos que fosse Ele quem restaurasse Israel” (Lc 24, 21).

Estes depoimentos “de primeira hora”, concebidos e transmitidos pelos discípulos imediatos do Senhor, são argumentos suficientes para dissolver qualquer teoria que quisesse negar a ressurreição corporal de Cristo, ou falar dela como fraude. Esta fé não surgiu “mais tarde”, como querem alguns, na história das primeiras comunidades cristãs, mas é o resultado da missão de Cristo acompanhada dia a dia pelos Apóstolos.

Com  os Apóstolos aconteceu o processo exatamente inverso do que se dá com os visionários. Estes, no começo, ficam muito convencidos e são entusiastas, e pouco a pouco começam a duvidar da visão. Já com os discípulos de Jesus, ao contrário, no princípio duvidam. Não crêem em seguida na Ressurreição. Tomé duvida de tudo e de todos e quer tocar o corpo de Cristo ressuscitado. Assim eram aqueles homens: simples, concretos, realistas. A maioria era pescador, não eram nem visionários nem místicos. Um grupo de pessoas abatidas, aterrorizadas após a morte de Jesus. Nunca chegariam por eles mesmos a um auto-convencimento da Ressurreição de Jesus. Na verdade, renderam-se a uma experiência concreta e inequívoca.

Impressiona também o fato de que os Evangelhos narram que as primeiras pessoas que viram Cristo ressuscitado são as mulheres que correram ao sepulcro. Isto é uma mostra clara da historicidade da Ressurreição de Jesus; pois as mulheres, na sociedade judaica da época, eram consideradas testemunhas sem credibilidade já que não podiam apresentar-se ante um tribunal. Ora, se os Apóstolos, como afirmam alguns, queriam inventar uma nova religião, por que, então, teriam escolhido testemunhas tão pouco confiáveis pelos judeus? Se os evangelistas estivessem preocupados em “provar” ao mundo a Ressurreição de Jesus, jamais teriam colocado mulheres como testemunhas.

Os chefes dos judeus tomaram consciência do significado da Ressurreição de Jesus, e, por isso,  resolveram apaga-la: “Deram aos soldados uma vultosa quantia de dinheiro, recomendando: “Dizei que os seus discípulos vieram de noite, enquanto dormíeis, e roubaram o cadáver de Jesus. Se isto chegar aos ouvidos do Governador, nós o convenceremos, e vos deixaremos sem complicação”. Eles tomaram o dinheiro e agiram de acordo com as instruções recebidas. E espalhou-se esta história entre os judeus até o dia de hoje” (Mt 28, 12-15). A ressurreição corporal de Jesus era professada tranqüilamente pela Igreja nascente, sem que os judeus ou outros adversários a pudessem apontar como fraude ou  alucinação.

Os Apóstolos só podiam acreditar na Ressurreição de Jesus pela evidência dos fatos, pois não estavam predispostos a admiti-la; ao contrário, haviam perdido todo ânimo quando viram o Mestre preso e condenado; também para eles a ressurreição foi uma surpresa.

Eles não tinham disposições psicológicas para “inventar” a notícia da ressurreição de Jesus ou para forjar tal evento. Eles ainda estavam impregnados das concepções de um messianismo nacionalista e político, e caíram quando viram o Mestre preso e aparentemente fracassado; fugiram para não ser presos eles mesmos (Cf. Mt 26, 31s); Pedro renegou o Senhor (cf. Mt 26, 33-35). O conceito de um Deus morto e ressuscitado na carne humana era totalmente alheio à mentalidade dos judeus.

E a pregação dos Apóstolos era severamente controlada pelos judeus, de tal modo que qualquer mentira deles seria imediatamente denunciada pelos membros do Sinédrio (tribunal dos judeus). Se a ressurreição de Jesus, pregada  pelos Apóstolos não fosse real, se fosse fraude, os judeus a teriam desmentido, mas eles nunca puderam fazer isto.

Jesus morreu de verdade, inclusive com o lado perfurado pela lança do soldado. É ridícula a teoria de que Jesus estivesse apenas adormecido na Cruz.

Os vinte longos séculos do Cristianismo, repletos de êxito e de glória, foram baseados na verdade da Ressurreição de Jesus. Afirmar que o Cristianismo nasceu e cresceu em cima de uma mentira e fraude seria supor um milagre ainda maior do que a própria Ressurreição do Senhor.

Será que em nome de uma fantasia, de um mito, de uma miragem, milhares de fiéis enfrentariam a morte diante da perseguição romana? É claro que não. Será que em nome de um mito, multidões iriam para o deserto para viver uma vida de penitência e oração? Será que em nome de um mito, durante já dois mil anos, multidões de homens e mulheres abdicaram de construir família para servir ao Senhor ressuscitado? Será que uma alucinação poderia transformar o mundo? Será que uma fantasia poderia fazer esta Igreja sobreviver por 2000 anos, vencendo todas as perseguições (Império Romano, heresias, nazismo, comunismo, racionalismo, positivismo, iluminismo, ateísmo, etc.)? Será que uma alucinação poderia ser a base da religião que hoje tem mais adeptos no mundo (2 bilhões de cristãos)? Será que uma alucinação poderia ter salvado e construído a civilização ocidental depois da queda de Roma?  Isto mostra que o testemunho dos Apóstolos sobre a Ressurreição de Jesus era convincente e arrastava, como hoje.

Na verdade, a grandeza do Cristianismo requer uma base mais sólida do que a fraude ou a debilidade mental. É muito mais lógico crer na Ressurreição de Jesus do que explicar a potência do Cristianismo por uma fantasia de gente desonesta ou alucinada. Como pode uma fantasia atravessar dois mil anos de história, com 266 Papas, 21 Concilios Ecumênicos, e hoje com cerca de 4 mil bispos e 416 mil sacerdotes? E não se trata de gente ignorante ou alienada; muito ao contrário, são universitários, mestres, doutores.

Prof Felipe Aquino

O Poder da Oração

“Um dia, Jesus estava orando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a seus discípulos’. Ele respondeu: ‘Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome...’” (Lc 11,1-2).

Quando a equipe do Clube da Evangelização pediu que eu escrevesse sobre o poder da oração, lembrei-me desta passagem do Evangelho, pois ela nos ensina algo muito importante sobre a oração e o poder que ela traz em si.

Quando se fala em “poder” da oração, imediatamente pensamos naquela que realiza todos os nossos desejos, cura todas as nossas enfermidades e nos liberta de todo e qualquer mal. Imaginamos a oração como uma fórmula infalível para nunca mais passarmos por quaisquer tribulações e adversidades. Então, por que ficamos sem palavras diante daquela pessoa orante e piedosa que sofre tanto em sua vida? Será que Deus a desamparou?

Não, meus irmãos! Deus jamais abandona um filho Seu. E a razão disso é que Ele é Pai. Um amoroso Pai! O nosso Pai. Foi isso que Jesus revelou àquele discípulo ante o seu sincero pedido: “Senhor, ensina-nos a orar”. A grande lição do Mestre referente à oração foi nos mostrar que ela consiste num diálogo paterno. Jesus nos indica que oração é intimidade, é relacionamento com o Senhor.

Arquivo

Num tempo em que se busca combater a solidão da alma com relacionamentos virtuais, provisórios e, muitas vezes, fúteis; num tempo em que cada vez mais se evita ter aquela conversa “olhos nos olhos” dentro do sagrado território familiar; que os cônjuges, os pais e os filhos não encontram mais espaço para partilhar os tesouros e as angústias da própria alma, Cristo vem nos lembrar: “O nosso Pai nos quer junto de Si. Venham dialogar com Ele!”. A oração é, portanto, esse maravilhoso relacionamento de um filho que sabe não ser órfão nessa vida. Afinal, ele tem um Pai que o ama!

Assim, sempre que oramos, tocamos nesse poder que nos impulsiona cada vez mais à frente. Não caminhemos amedrontados! Muito pelo contrário, lancemo-nos com confiança rumo à meta (o Céu!), segurando na mão d’Aquele que nos chama de filhos amados.

Fazendo em cada oração essa linda experiência de relacionar-se com o Pai, descobre-se o eficaz antídoto para a solidão, para a tristeza e para aquela terrível dor que insiste em assolar nossa alma. Eis aí a importância do combate na oração, porque o mal quer, a todo custo, nos levar a acreditar que somos órfãos de Deus.

Penso que o grande poder da oração está em nos assegurar, aconteça o que acontecer na vida, essa verdade irrefutável: quem ora jamais está sozinho. E quem caminha nessa certeza vive mais feliz!

Faça a experiência de tocar no verdadeiro poder que existe nesse diálogo com Deus: amor, perdão, cura, fortaleza, filiação. É nessa íntima relação com o Pai, por meio da oração, que vamos sendo restaurados e lapidados como um precioso diamante, pois somos todos valiosos para Deus!

Termino esse artigo com um maravilhoso ensinamento que li no primeiro livro cristão que ganhei de presente, logo no início da minha caminhada com o Senhor, há mais de 25 anos. O livro chama-se "Cristo Minha Vida”, da autoria de Clarence J. Enzler. Nele, há um capítulo no qual Jesus nos fala a respeito da oração. Compartilho com você esse pequeno trecho, na esperança de que ele o faça cada vez mais fiel em sua oração diária no concreto da vida, para que seu ânimo, assim, jamais desfaleça: “Jamais deixes passar o dia sem rezar, vocal ou mentalmente. Fala comigo, com a certeza de que estou em tua alma, vendo-te, ouvindo-te, conhecendo-te, compreendendo-te. Fala comigo como teu maior amigo” (II Parte, Capítulo VII).

Um forte abraço!

Alexandre Oliveira
Membro da Comunidade Canção Nova

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Francisco aproveita férias para preparar próxima encíclica e exortação

Esboços e manuscritos

Nova exortação deve sair até 24 de novembro, na conclusão do Ano da Fé


Francisco aproveita férias para preparar próxima encíclica e exortaçãoO Papa Francisco tem aproveitado esse período de verão no Vaticano para escrever. Tendo renunciado às férias em Castel Gandolfo, o Santo Padre se dedica aos esboços de uma nova exortação apostólica, sobre a nova evangelização, e ao projeto de uma nova encíclica sobre a pobreza: “Beati pauperes”.

A exortação deve sair até 24 de novembro, quando se conclui o Ano da Fé, proclamado pelo Papa Emérito Bento XVI. O documento retoma o conteúdo e o esboço da exortação pós-sinodal da Assembleia Geral dos bispos sobre a nova evangelização, realizada no Vaticano em outubro passado.

Como revelado pelo próprio Francisco, o tema será abordado num contexto mais amplo, inspirando-se na “Evangelii nuntiandi“, exortação de Paulo VI, de 1975; uma firme referência para o Papa.

Já a nova encíclica, a “Beati pauperes” (Beatos os pobres) será centrada no tema da pobreza – tão querido ao Papa da “Igreja pobre e para os pobres”. O texto não deve interpretar a pobreza no sentido ideológico ou político, mas evangélico, como disse Francisco recentemente. O próprio título é extraído das Beatitudes evangélicas e do “discurso da montanha”: as beatitudes que Francisco, em seu tuíte de quinta-feira, 22, propõe como um “ótimo programa de vida para todos nós”.

Enquanto os textos são preparados, a primeira encíclica de Francisco faz sucesso na Itália. Em um mês, a “Lumen fidei” já vendeu mais de 200 mil cópias. A encíclica publicada recentemente conta com as reflexões de Bento XVI, que iniciou sua escrita.

fonte: Canção Nova

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Entenda o que está acontecendo no Egito - Prof. Felipe Aquino


Não é muito fácil compreender o que está acontecendo no Oriente, sobretudo nos países onde o islamismo é acentuado. Acontece o que a mídia tem chamado de “Primavera árabe”, ou seja, o povo nas ruas pedindo liberdade, democracia, direitos etc. O mundo árabe acordou!
Certamente, a globalização, que hoje acontece no mundo, especialmente pela ação da internet, é uma das causas desse fenômeno, do qual é difícil de prever os desdobramentos. Em alguns países, os ditadores foram depostos, como no Egito e na Síria, onde os oposicionistas do Governo pressionam a sua queda. A Síria experimenta quase uma guerra civil.
Um dos países, no qual aconteceu essa “Primavera árabe” com grande violência, foi no Egito, o maior e mais importante país árabe, com 85 milhões de habitantes. O fato ocorreu com a queda de Osni Mubarak (11/2/2011), hoje preso. Mubarak era apoiado pelos generais fardados, mas o povo árabe tomou as ruas, depôs o ditador e exigiu eleições. Foi, então, eleito um representante do movimento radical islâmico da “Irmandade Muçulmana”, Mohamed Mursi (18/6/2012), engenheiro que implantou, no Egito, um governo islâmico conduzido por leis do Corão ou Alcorão. Em 26/12/2012, Mursi aprovou uma nova Constituição redigida apenas por muçulmanos mais radicais e aprovada em um referendo.
Acontece que há um outro lado: os militares de linha dura que não aceitam isso, pois veem no islamismo um fator de atraso e querem uma sociedade mais moderna, como na Turquia, por exemplo. Então, há um terrível embate entre as duas forças, que pode se transformar numa guerra civil e se espalhar por todo o Oriente Médio. Já são centenas de mortos (mais de 600) pelos protestos na rua, por causa da deposição do Presidente eleito Mursi, da Irmandade Muçulmana. Na verdade, o confronto dos militares e a facção muçulmana vêm desde a década de 50.
Está cada vez mais difícil os dois lados sentarem-se a uma mesa de negociação, porque cada uma das duas forças políticas não reconhece a legitimidade da outra. A Irmandade Muçulmana é forte, tem o apoio de, pelo menos, 20% do povo e 5 milhões de militantes radicais. Acreditam seus adeptos que morrer nesta luta é ser mártir. Como não gostam do Cristianismo, esses radicais estão também perseguindo e matando cristãos, incendiando as igrejas cristãs coptas* [igreja cristã nacional do Egito], a qual conta com 10% de adeptos na população.
Em todos os países de governo muçulmano radical, os cristãos sofrem terríveis perseguições. As igrejas são destruídas, queimadas e muitos são mortos. Precisamos rezar por esses irmãos em Cristo que sofrem os piores martírios dos nossos tempos. É hora de unirmos as orações e ações para que se respeite, nos países de governo islâmico, a liberdade religiosa que tanto os Papas têm pedido. Nunca a Igreja de Cristo deixou de ser perseguida; hoje, continua sendo. São cerca de 200 milhões de perseguidos nesses países não cristãos. Rezemos por esses irmãos que padecem por Cristo, e por Cristo que padece nesses irmãos.

* Copta significa cristão egípcio

Créditos da fotografia: Reprodução TV Folha

Veja também: Cristãos perseguidos


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O destino da mentira

A verdade é como uma aljava.

Sempre com flechas que se lhe fixam.

As flechas, como que as mentiras, fixam-se ao fundo da Verdade, parecendo ferir-lhe.

Na vida, viver a Verdade é ser como a aljava do arqueiro. Receber flechas, que não são para nós, mas as guardamos. Aparentemente nos ferem, mas em verdade estão apenas aguardando seu destino, ao serem lançadas fora pelas mãos do Arqueiro.

Em verdade, tais mentiras estão sendo guardadas pela Verdade, para lançá-las, no momento oportuno ao alvo.

O alvo, será o intransponível julgamento das coisas, onde, invariavelmente, a flecha atingirá.

Toda mentira, um dia, será lançada pela Verdade ao seu alvo definitivo, onde será desmascarada.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Assunção de Nossa Senhora

Alegro-me intensamente com a Solenidade celebrada na data de hoje. Através de Maria, Sua Mãe Santíssima, Deus nos mostra o quanto nos ama e o que tem preparado na eternidade para nós, desde sempre e para sempre.

Feliz és Tu, Maria, porque acreditaste! Intercede por nosso Município de Guapimirim, na festa de hoje, sob o título de Nossa Senhora da Ajuda!

Hoje, solenemente, celebramos o fato ocorrido na vida de Maria de Nazaré, proclamado como dogma de fé, ou seja, uma verdade doutrinal, pois tem tudo a ver com o mistério da nossa salvação. Assim definiu pelo Papa Pio XII em 1950 através da Constituição Apostólica Munificentissimus Deus: “A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre foi assunta em corpo e alma à glória celestial.”

Antes, esta celebração, tanto para a Igreja do Oriente como para o Ocidente, chamava-se “Dormição”, porque foi sonho de amor. Até que se chegou ao de “Assunção de Nossa Senhora ao Céu”, isto significa que o Senhor reconheceu e recompensou com antecipada glorificação todos os méritos da Mãe, principalmente alcançados em meio às aceitações e oferecimentos das dores.

Maria contava com 50 anos quando Jesus subiu ao Céu. Tinha sofrido muito: as dúvidas do seu esposo, o abandono e pobreza de Belém, o desterro do Egito, a perda prematura do Filho, a separação no princípio do ministério público de Jesus, o ódio e perseguição das autoridades, a Paixão, o Calvário, a morte do Filho e, embora tanto sofrimento, São Bernardo e São Francisco de Sales é quem nos aponta o amor pelo Filho que havia partido como motivo de sua morte. 

É probabilíssima, e hoje bastante comum, a crença de a Santíssima Virgem ter morrido antes que se realizasse a dispersão dos Apóstolos e a perseguição de Herodes Agripa, no ano 42 ou 44. Teria então uns 60 anos de idade. A tradição antiga, tanto escrita como arqueológica, localiza a sua morte no Monte Sião, na mesma casa em que seu Filho celebrara os mistérios da Eucaristia e, em seguida, tinha descido o Espírito Santo sobre os Apóstolos. 

Esta a fé universal na Igreja desde tempos remotíssimos. A Virgem Maria ressuscitou, como Jesus, pois sua alma imortal uniu-se ao corpo antes da corrupção tocar naquela carne virginal, que nunca tinha experimentado o pecado. Ressuscitou, mas não ficou na terra e sim imediatamente foi levantada ou tomada pelos anjos e colocada no palácio real da glória. Não subiu ao Céu, como fez Jesus, com a sua própria virtude e poder, mas foi erguida por graça e privilégio, que Deus lhe concedeu como a Virgem antes do parto, no parto e depois do parto, como a Mãe de Deus.

Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!


E seja Feliz!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A graça da família - Dom Alberto Taveira

Os casais cristãos têm algo a mostrar
Imagem de Destaque“Pela fé, embora Sara fosse estéril e ele mesmo já tivesse passado da idade, Abraão tornou-se capaz de ter descendência, porque considerou fidedigno o autor da promessa. E assim, de um só homem, já marcado pela morte, nasceu a multidão comparável às estrelas do céu e inumerável como os grãos de areia na praia do mar” (Hb 11,11-12).

Abraão é considerado o “Pai da Fé” pelas três grandes religiões monoteístas, o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. Para elas, a experiência da presença de Deus tem sua fonte no alto, é revelação, cuja iniciativa é do próprio Senhor. A fé, certeza a respeito daquilo que não se vê (Hb 11,1), introduz nas realidades humanas um horizonte aberto de proporções inimagináveis. Abraão se encontra presente, quando apostou tudo em Deus, na multidão dos homens e mulheres que, nas sucessivas gerações, volta seus olhos para o alto e para frente.

A graça da paternidade e da maternidade, experimentada por Abraão e Sara, há de ser posta em relevo em nosso tempo, pois, de fato, “os filhos são herança do Senhor, é graça sua o fruto do ventre” (Sl 127, 3). Queremos oferecer, como profecia de um futuro digno para a humanidade, o presente de famílias cristãs consistentes. A contribuição genuína dos cristãos, neste campo, é a família una, fiel e fecunda. Graça e desafio! Aceitar formar famílias segundo esta proposta é antes de tudo uma vocação a ser descoberta e alimentada. Homem e mulher, pois assim foi criado o ser humano (Gn 1,27), são tocados pelo amor de Deus para serem seus sinais. A resposta, desafio a ser assumido, é construída durante a vida toda.

O coração humano não foi feito para ser dividido em vários amores. Corpo e alma, com todas as suas potencialidades, doados como sinal do amor de Cristo e da Igreja chama-se “sacramento” do matrimônio! Descobrir a pessoa à qual será entregue a própria vida, não como um título de propriedade a ser adquirido, é a grandeza do casamento cristão. Trata-se de uma forma de consagração a Deus! Acreditar que os dois, unidos diante do Senhor, mostram o próprio Deus às outras pessoas e ao mundo. Nosso mundo clama por testemunhas consistentes de tais valores. Os casais cristãos descubram de novo a beleza do que receberam do Senhor e assumiram como vocação.

Assista: Família, lugar de testemunho apostólico

Com certa frequência aparecem estatísticas sobre a fidelidade e a infidelidade entre os casais. Parece uma propaganda das aventuras infelizmente existentes, que podem suscitar justamente uma banalização de uma das graças do matrimônio cristão. Desejo homenagear os casais que não submetem sua própria intimidade a perguntas que os expõem na praça pública. Sintam-se reconhecidos todos os casais fiéis, e são muito mais do que se divulga! Saibam que a Igreja faz festa com eles por conservarem, no verdadeiro tabernáculo que é sua vida conjugal, o tesouro da fidelidade, prometido com plena liberdade quando seu amor se tornou sacramento. Não fica esquecido pelo Senhor o dom de suas vidas!

Por falar em exposição, sim, os casais cristãos têm algo a mostrar! Trata-se dos filhos, testemunhas da fecundidade do amor verdadeiro. Já se disse que o amor conjugal não é olhar um para outro a vida inteira, mas olharem os dois numa mesma direção! Olhar para o alto, participar da graça criadora de Deus, gerar filhos para a Igreja e para o mundo! É dignidade a ser sonhada e construída pelo homem e a mulher que se unem no sacramento do matrimônio. É graça a ser pedida pelos que se preparam ao casamento.

Tudo isso encontra seu sentido na fé, fundamento de realidades humanas assumidas nesta terra, como pessoas que veem o invisível. Há muita gente pronta para descrever os problemas das famílias. A nós, na Igreja, cabe a tarefa de proclamar um verdadeiro evangelho da família, reconhecida como Boa Nova para o nosso tempo.

Daí, nasce o convite aos jovens vocacionados ao matrimônio, para que empreendam um caminho de discernimento e preparação correspondentes à grandeza do sacramento que desejam abraçar. Entrem na escola do amor verdadeiro, treinem a capacidade de escuta e acolhimento, exercitem a saída de si mesmos para dar espaço à outra pessoa. Peçam a Deus a graça de descobrirem a quem deverão entregar totalmente suas vidas. Sejam anunciadores de novas famílias, renovadas no Espírito Santo.

Aos casais cristãos, chegue o convite da Igreja a edificarem cada dia seus lares sobre o fundamento da fé, de modo a transmitirem valores consistentes aos filhos e os testemunharem à sociedade. Deus lhes confiou muito! A evangelização de seus filhos começou quando estes foram gerados no amor, deixando neles uma marca indelével. Continuou quando vocês lhes ensinaram os rudimentos da fé cristã. Benditas foram as orações que lhes foram ensinadas! Deem graças ao Senhor, porque vocês os apresentaram à Igreja para os sacramentos, quando os encaminharam à catequese. Aliás, vocês foram os primeiros catequistas! Deus lhes pague e confirme sua vocação na transmissão e educação da fé cristã na família, como quer celebrar a Semana Nacional da Família. Deus seja louvado pelos valores cristãos que existem em nossas famílias, santuários da fé e da vida!

Com as famílias e pelas famílias, rezamos confiantes no dia dos pais: “Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos, cada vez mais, um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Amém!”
Foto Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA
Dom Alberto Taveira foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Lutero, os Reformadores e Nossa Senhora - Prof. Felipe Aquino

O protestantismo atual se mostra intolerante com a Virgem Santíssima, no entanto, Martinho Lutero, Calvino, Zwinglio, e os reformadores do Séc. XVI tinham uma estima e reverência profundas a Nossa Senhora, como poderemos ver abaixo. Algumas denominações protestantes estão redescobrindo isso. Por exemplo, Madre Basiléia Schlink, luterana, prega a recuperação da veneração à Virgem Mãe de Deus.

Lutero, em 1522, escreveu um belo comentário do Magnificat de Nossa Senhora, onde repetidas vezes a chama de a “doce Mãe de Deus”. E nele Lutero pede à Virgem “que ore por ele”. Entre outras coisas ele disse da Virgem Maria: “Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém. (“Comentário do Magnificat”).

Como então os protestantes, os seguidores de Lutero, não aceitam a intercessão de Nossa Senhora? É bom recordar também que Lutero implorou a intercessão de Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, quando quase foi atingido por um raio.

Lutero disse ainda: “Ela [Maria]nos ensina como devemos amar e louvar a Deus, com alma despojada e de modo verdadeiramente conveniente, sem pro­curar nele o nosso interesse… Eis um modo elevado, puro e nobre de louvar: é bem próprio de um espírito alto e nobre corno o da Virgem. ” (Maria Mãe dos homens”, Edições Paulinas, SP, p. 561).

“Maria – escreve Lutero – não se orgulha da sua dig­nidade nem da sua indignidade, mas unicamente da consideração divina, que é tão superabundante de bondade e de graça que Deus olhou para uma serva assim tão insignificante e quis considerá-la com tanta magnificência e tanta honra… Ela não exaltou nem a vir­gindade nem a humildade, mas unicamente o olhar divino repleto de graça. (…) De fato não deve ser louvada a sua pequenez, mas o olhar de Deus”. (idem)

Lutero mostra que Nossa Senhora não atrai a nossa atenção sobre Si, mas leva-nos a olhar para Deus: “… Maria não quer ser um ídolo; não é Ela que faz, é Deus que faz todas as coisas. Deve ser invocada para que Deus, por meio da vontade dela, faça aquilo que pedimos; assim devem ser invocados também todos os outros santos, dei­xando que a obra seja inteiramente de Deus” (idem pp.574-575).

Madre Basiléia, é da Sociedade das Irmãs de Darmtadt, fundada na Alemanha e presente no Brasil, luterana; no entanto, as irmãs dessa Comunidade acrescentam no seu nome de Batismo o de Maria, como acontece em algumas Congregações católicas. M. Basiléia escreveu o livro “Maria – Der Weg der Mutter des Herrn”, sobre o “Caminho de Maria”, publicado em Português, em Curitiba (1982), onde cita algumas coisas que Lutero escreveu da Virgem Maria, que transcrevemos da Revista Pergunte e Responderemos, n. 429, 1998 – Lutero e Maria Santíssima, pp. 81-86).

“O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria, que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também Mãe de Deus, a mulher mais importante da Terra? No meio de toda a Cristandade ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade”.

“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de outro e conduzi-la com 4000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: “Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano”. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo, e apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria”.

“Esta única palavra “mãe de Deus” contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exalta-la, dirigindo-se à ela, mesmo que tivessem tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus, é preciso pesar e avaliar esta palavra no coração”. (Explicação do Magníficat)

Depois de citar essas palavras de Lutero, M. Basiléia ainda escreve: “Ao ler essas palavras de Martinho Lutero, que até o fim de sua vida honrava a mãe de Jesus, que santificava as festas de Maria e diariamente cantava o Magnificat, se percebe quão longe nós geralmente nos distanciamos da correta atitude para com ela, como Martinho Lutero nos ensina, baseando-se na Sagrada Escritura. Quão profundamente todos nós, evangélicos, deixamo-nos envolver por uma mentalidade racionalista, apesar de que em nossos escritos confessionais se lêem sentenças como esta: “Maria é digna de ser honrada e exaltada no mais alto grau” (Art. 21,27 da Apologia de Confissão de Augsburgo).

Em 1537, em seus “Artigos da Doutrina Cristã”, é o próprio Lutero quem diz: “O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem”.

M.Basiléia explica porque escreveu este livro para os evangélicos: “Minha intenção ao escrever este opúsculo sobre o caminho de Maria, segundo o que diz dela a Sagrada Escritura, foi conscientemente reparar esta omissão pela qual me tornei culpada para com o testemunho da Palavra de Deus. Nas últimas décadas o Senhor me concedeu a graça de aprender a amar e honrar cada vez mais a Maria, a mãe de Jesus… Minha sincera intenção ao escrever esse livro, é fazer o que posso para ajudar, a fim de que entre nós, os evangélicos, a mãe de nosso Senhor seja novamente amada e honrada, como lhe compete, segundo as Palavras da Sagrada Escritura e conforme nos recomendou Martinho Lutero, nosso reformador”.

Continua M. Basiléia: “A nossa Igreja Evangélica deixou de lhe prestar honra e louvor; receando com isso reduzir a honra devida a Jesus. Mas o que aconteceu é o seguinte: toda honra autêntica dirigida aos discípulos de Jesus e também à Sua Mãe aumenta a honra do Senhor. Pois foi Ele, só Ele, que os elegeu, os cobriu com sua graça e fez deles Seu vaso de eleição. Por sua fé, seu amor e sua dedicação para com Deus, é Deus colocado no centro das atenções e é glorificado”… “É também intenção nossa – como Imaculada de Maria – contribuir em obediência à Sagrada Escritura, para que nosso Senhor Jesus não seja entristecido por um comportamento nosso destituído de reverência para com Sua mãe ou até de desprezo. Pois ela é Sua mãe que O deu à luz e O criou e educou e a cujo respeito falou o Espírito Santo, por intermédio de Isabel: “Bem-aventurada a que creu”! João Calvino, o reformador protestante de Genebra, aceitou o título de “Mãe de Deus” (Théotokos) definido pelo Concílio de Éfeso, no ano 431, quando foi condenada a heresia de Nestório. Ele sustenta a Virgindade de Maria, afirmando que os irmãos de Jesus citados em Mt 13, 55 não são filhos de Maria, mas parentes do Senhor; professar o contrário, segundo Calvino, significa “ignorância”, “louca sutileza” e “abuso da Sagrada Escritura”. (Revista PR, n. 429, p. 34, 1998)

Calvino disse: “Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus Cristo, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (Comm. Sur l’Harm. Evang.,20)

Em 1542, João Calvino publicou o Catecismo da Igreja de Genebra, onde se lê: “O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria… Isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de varão” .

“Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto quanto após o parto, permaneceu virgem pura e íntegra.” (“Corpus Reformatorum”)

Zwinglio, o reformador protestante de Zurich, conservou três festas marianas (Anunciação, Visitação, Apresentação no Templo) e a recitação da Ave Maria durante o culto sagrado. (PR, idem)
John Wesley, fundador da Igreja metodista na Inglaterra, em 1739, disse: “Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada.”

Ora, se os fundadores do protestantismo veneravam e amavam tanto a Virgem Maria, por que, então, hoje, observamos um afastamento da Mãe de Deus? Nossos irmãos separados devem com urgência rever esta questão, como pede a luterana M. Basiléia. Não queremos afrontar esses nossos irmãos, ao contrário, queremos apenas convidá-los para juntos louvarmos e honrarmos Aquela que nos deu o Salvador.

Prof. Felipe Aquino

fonte: http://blog.cancaonova.com/felipeaquino

Saiba escolher entre tantas opções

Que bom! Entre tantas coisas que você tem para fazer, encontrou um tempinho de parar e ter contato com a Palavra de Deus. A leitura desse mês está no Evangelho de Lucas 10,38- 42, texto do 16º Domingo do Tempo Comum. Leia o texto, porque ele é curtinho. Você pode lê-lo várias vezes e, no silêncio, deixar que essa Palavra fecunde seu coração. Pare, agora, e escute o Senhor!

Espero que você tenha ido além da obvia pergunta: "Com qual das duas eu me pareço, Marta ou Maria?. podemos aprender com as duas. Jesus está naquela casa como visita, e todos nós fomos educados a darmos toda atenção quando chega, em casa, uma visita. Marta estava muito agitada, porque tinha muitas coisas para fazer, igualzinho a tantos de nós.

Maria Andrea/Arquivo CN


Quem centra sua vida nas coisas que precisa fazer, costuma não saber dar prioridade ao mais importante. Entre muitas coisas importantes, existem as principais, e quem não sabe organizá-las corre o sério risco de sempre exigir que os outros sejam e façam como eles. Assim como Marta, reclamam para Jesus de sua irmã Maria. Já percebeu que quem não sabe dar prioridade ao mais importante vive perdendo tempo?

Jesus ajuda Marta a perceber que, entre muitas coisas a fazermos, devemos começar por aquelas que são necessárias. Aqui, nesse Evangelho, a prioridade era ouvir a Palavra de Jesus. Parar para ouvir é a coisa mais rara na vida de alguém que, agitado pelos seus muitos afazeres, nunca pode “perder tempo” ouvindo os outros. Se você já pensou assim alguma vez, provavelmente, também vive agitado com muitas coisas e não saberá receber a visita de Jesus na sua vida.

Marta é uma mulher agitada pela quantidade de coisas para fazer. Muitos homens também são cheios de reuniões, trabalhos e atividades, que nem sobra um tempo para ouvir as pessoas de sua casa, veja lá uma visita que chegue sem hora marcada na agenda.

Agitadas por muitas preocupações, as pessoas estão perdendo a oportunidade de estarem juntas. Quando sobrar um tempo, quem sabe se lembrará de ouvir Deus, isso, é claro, se não tiver nada atrasado para ser feito!

Maria ficou aos pés de Jesus, não porque era preguiçosa ou porque estava fugindo do trabalho, provavelmente ela também estava fazendo alguma coisa; porém, quando Jesus chegou, Maria soube mudar o foco de sua atenção.

Jesus fala no Evangelho: “Maria escolheu a melhor parte”. Isso mostra que ela tinha outras opções, mas soube dar prioridade a estar com Jesus. A vida do cristão não é só oração e contemplação. Saber escolher um momento de parada só para ouvir a Deus vai, certamente, qualificando nossa ação e nos restaurando em tudo aquilo que depois precisaremos fazer.

Jesus ainda diz que a parte que Maria escolheu não lhe será tirada, e essa é uma boa dica para você investir em momentos de oração e escutar o Senhor, pois esse tesouro ninguém pode lhe tirar, a não ser você mesmo se fizer, entre tantas opções, uma escolha diferente da que Maria fez.

Encontre um tempo para ouvir Deus. Ele quer falar com você.

Padre Fabrício
Membro da Comunidade Canção Nova

Amor e sexo na vida conjugal

A falta de atitude desgasta qualquer relacionamento
Imagem de DestaqueDentre as muitas definições que arriscamos fazer sobre a palavra “amor”, nenhuma delas poderá ser eficaz se não houver o comprometimento das pessoas naquilo que lhes traz a realização mútua.

Algumas pessoas vivem seu relacionamento conjugal de maneira bastante turbulenta, com abusos, violência ou em situações de egoísmo que jamais poderiam ser estabelecidas num convívio, o qual tem como princípio o crescimento comum. Tal relacionamento, se assim permanecer, alcançará uma condição insustentável, fazendo com que um dos cônjuges opte pela separação, ainda que tenham se casado por amor.

Todavia, muitos casos de separação não acontecem somente pelas agressões sofridas por um dos cônjuges. Outras situações podem fazer com que os casais vivam a separação silenciosa, a qual facilmente poderá resultar no rompimento do compromisso conjugal ou permitir a abertura para relacionamentos paralelos, alegando que o amor e o encantamento do início tenham desaparecido entre eles.

Muito se comenta sobre a necessidade de o casal fazer o resgate do romantismo, mesmo tendo acumulado algumas dezenas de anos de vida conjugal. Mas o que eu tenho recebido como resposta é a dificuldade em recuperar tal sentimento devido às muitas “cinzas” surgidas sobre “as brasas” daquele amor que originou o casamento. Isso porque a falta de comprometimento e de atenção às outras queixas – inclusive no que diz respeito à vida sexual do casal – esvaziou-se ao longo do tempo.

Assista: Harmonia conjugal e sexual do casal cristão

Conhecemos as responsabilidades e os compromissos que envolvem a vida conjugal, aquilo que é o prático para a manutenção do lar e da família. Dessas atividades, parece ser prioritário tanto para as esposas quanto para os maridos o cumprimento de seus afazeres estabelecidos como metas do dia, mesmo que para isso eles tenham que aplicar todo seu esforço físico. Dentro dessa dinâmica própria da vida conjugal, os casais podem deixar-se envolver pelas muitas atividades que compreendem o seu dia a dia.

Contudo, é importante para eles se lembrarem de também valorizar outras atitudes que alimentam e fazem a manutenção do amor que desejam nutrir na relação entre homem e mulher, pois, se quando eles eram apenas namorados, foram capazes de fazer todas outras coisas e ainda disponibilizar de um tempo para se prepararem para a (o) namorada (o), hoje as manifestações de carinho para com o cônjuge precisam ter o mesmo grau de importância.

Os momentos de namoro entre os casados não podem acontecer ou serem esperados apenas nas ocasiões de celebração como aniversários de casamento ou em uma viagem, tampouco podem ficar presos a dias específicos da semana.

Se as inúmeras tarefas domésticas, tanto para o marido quanto para a esposa, roubam esses momentos, talvez fosse interessante para os cônjuges incluir, naquilo que é de suas ocupações, também a vivência da intimidade como parte integrante do relacionamento.

A falta de atitude para uma mudança desgasta qualquer relacionamento e, no caso do casamento, poderá minar até mesmo o desejo em trocar beijos mais calorosos ou criar outros momentos de sedução, os quais poderiam propiciar a intimidade.

As bases para esses momentos acontecem quando lembramos que o nosso cônjuge também tem desejos íntimos e espera vivê-los com quem se casou. Vale notar que tal momento, mais que extravasar a libido, deverá ser resultado de outros gestos que ratificam uma união, na qual, seus efeitos extrapolam no tempo e no contato físico. Tudo ganha um novo significado.

Assim, para evitar as famosas escapulidas ou justificativas como o cansaço, a falta de disposição, o sono, a preguiça e a mais conhecida de todas as desculpas – a dor de cabeça – para se esquivarem da intimidade conjugal, o casal optaria por aplicar também para a vida sexual o mesmo grau de interesse com que valorizam suas outras obrigações.

É certo que o trabalho, as obrigações com a família e o lazer são importantes, contudo há uma maneira própria de cada um fazer o cônjuge se sentir sempre o “número 1” como foi em tempos de namoro.

Um abraço!
Foto Dado Moura
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Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova como articulista. Autor do livro Relações sadias, laços duradouros e Lidando com as crises
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