quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Carta de Asia Bibi

Asia Noreeen Bibi, uma cristã condenada a morte no Paquistão

Meu querido Ashiq (esposo), meus queridos filhos,
É uma grande provação, estas que tereis de enfrentar. Esta manhã, fui condenada à morte. Confesso-vos que, quando ouvi o veredicto, chorei, mas no fundo não fiquei surpreendida. Não estava à espera de clemência nem de coragem por parte dos juizes, que se submeteram às pressões dos mulás e do fanatismo religioso. Desde que voltei à minha cela e sei que vou morrer, todos os meus pensamentos vão para ti, meu Ashiq, e para vós, meus filhos adorados. Censuro-me por vos deixar sozinhos em pleno turbilhão.
A ti, Imram, meu filho mais velho de dezoito anos, desejo-te que encontres uma boa esposa e que a faças feliz tal como o teu pai me fez a mim.
Tu, Nasima, minha filha maior de vinte e dois anos, já encontraste um marido, a família dele e uns sogros acolhedores; dá ao teu pai os netos que irás criar na caridade cristã como nós sempre fizemos.
Tu, minha doce Isha, tens quinze anos, mas nasceste com falta de entendimento. O papá e eu sempre te considerámos uma dádiva de Deus, tão boa que és e tão generosa. Não deves perceber porque é que a mamã não está aí, ao pé de ti, mas estás presente no meu coração, tens sempre lá um lugar especialmente reservado, somente para ti.
Sidra, tens apenas treze anos e eu sei que, desde que estou na prisão, és tu que tratas das coisas da casa, és tu que tomas conta de Isha, a tua irmã, que tanto precisa de ser ajudada. Censuro-me por obrigar-te a uma vida de adulta, tu que és tão pequena e que ainda devias brincar com bonecas.
Tu, minha pequena Isham, tens apenas nove anos e já vais perder a tua mamã. Meu Deus, como a vida é injusta! Mas visto que irás continuar a frequentar a escola, estarás mais tarde habilitada a defender-te perante a injustiça dos homens.
Meus filhos não percais a coragem, nem a fé em Jesus Cristo. Há-de haver dias melhores nas vossas vidas, e, lá no alto, quando eu estiver nos braços do Senhor, continuarei a velar por vós. Mas, por favor, peço-vos a todos os cinco que sejais prudentes, que não façais nada que possa ultrajar os muçulmanos ou as normas deste país. Minhas filhas, gostaria muito que tivésseis a sorte de encontrar um marido como o vosso pai.
Ashiq, amei-te desde o primeiro dia, e os vinte anos que passámos juntos são a prova disso mesmo. Nunca deixei de agradecer aos céus a sorte de te ter encontrado, de ter tido a possibilidade de casar por amor e não um matrimónio combinado, como acontece na nossa região. Os nossos dois feitios sempre combinaram um com o outro, mas o destino estava à nossa espera, implacável… Criaturas infames atravessam-se no nosso caminho. Estás agora sozinho perante o fruto do nosso amor, mas deves manter a coragem e o orgulho da nossa família.
Meus filhos, desde que estou encerrada nesta prisão, oiço as descrições de outras mulheres para quem a vida também se mostrou muito cruel. Posso dizer-vos que tivestes a sorte de conhecer a vossa mãe, a alegria de viver do nosso amor e da nossa coragem para trabalhar. Sempre tivemos o supremo desejo, o pai e eu, de sermos felizes e de vos fazermos felizes, embora a vida não fosse fácil todos os dias. Somos cristãos e somos pobres, mas a nossa família é uma grande riqueza. Gostaria tanto de vos ver crescer, educar-vos e fazer de vós pessoas honestas – mas sê-lo-eis certamente!Sabeis a razão por que vou morrer e espero que não me censureis por partir assim tão depressa, porque estou inocente e não fiz nada daquilo que me acusam.
Tu sabes que é verdade, Ashiq, tal como sabes que sou incapaz de violência e de crueldade. Às vezes, porém, sou teimosa.
Por aquilo que calculo, não vai demorar muito. Em poucos minutos, fui condenada à morte. Não sei ainda quando me irão enforcar, mas podeis estar tranquilos, meus amores, irei de cabeça levantada, sem medo, porque serei acompanhada por Nosso Senhor e pela Santa Virgem Maria, que vão receber-me nos seus braços.
Meu bom marido, continua a educar os nossos filhos como eu gostaria de fazer contigo.
Ashiq, meus filhos bem-amados, vou deixar-vos para sempre, mas amar-vos-ei eternamente.
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 Asia Noreeen Bibi é uma cristã católica paquistanesa, mãe de 5 filhos que foi condenada à morte acusada de insultar o profeta Maomé. Ela ainda está viva e permanece presa. Cristãos do mundo inteiro, inclusive Bento XVI, tem feito apelos à comunidade internacional para que ela receba o indulto do governo do Paquistão

Cristãos Perseguidos

Muitos de nós achamos que ser Cristão é algo fácil, ou que a conversão de uma vida de drogas e prostituição e crimes para o Cristianismo é algo que nos dará status. Errado. 

Ser verdadeiramente Cristão no mundo sempre foi sinal de discriminação e muitas vezes, perigo de vida. 

Assumir seu Batismo é assumir a verdadeira Liberdade. Mas é preciso ser fiel, e contar sempre com o auxílio do Espírito Santo, Aquele que sustém a Igreja desde o princípio, e a sustentará até o fim do mundo.  

Então, após ler e assistir à reportagem abaixo, fica a pergunta: Quero ser verdadeiramente CRISTÃO?

A Igreja Perseguida

Cerca de 105 mil cristãos são perseguidos todos os anos por causa de sua fé. O número de mártires nos dois últimos séculos supera os de toda a história do cristianismo

Imagem manchada com sangue de cristãos em atentado no Egito

A história do Cristianismo é mesclada com a história de incontáveis mártires que, desde os primeiros séculos até os dias de hoje, testemunham, com o derramamento de sangue, a fé incondicional no Salvador da humanidade.
Já nos Atos dos Apóstolos, temos o relato do martírio de Estevão e o apóstolo Tiago. A partir daí, o Cristianismo é dispersado pelo mundo e chega a Roma, onde sob o imperador Nero (64 D.C) inaugura-se uma verdadeira caça aos cristãos, a qual só terá fim três séculos depois.
“No início, os cristãos precisavam ser bem preparados para assumirem o batismo, porque abraçar a fé, naquela época, significava correr um perigo constante de morte”, afirma padre Carlo, professor de história da Igreja na Universidade Santa Cruz de Roma.
Quando falamos de perseguição ao Cristianismo, nada pode se comparar ao Século XX. Só os mártires provenientes das grandes revoluções e regimes ditatoriais superam os de toda a história. A Revolução Russa (1917), por exemplo, levou à morte cerca de 17 mil sacerdotes e 34 mil religiosos. O Comunismo se espalhou pelo mundo e declarou a religião como subversiva e inimiga do Estado. Igrejas, conventos e seminários são fechados e destruídos. São incontáveis os números de mártires em países como União Soviética, Lituânia, Romênia, China, Vietnã, Camboja e Cuba.


Na Revolução Nacionalista espanhola (1931), a Igreja Católica é condenada à extinção e considerada um inimigo a ser abatido por todos os meios. Entre sacerdotes, religiosas e religiosos, o número de mortos chegou a 6.832, sendo 13 bispos, 4.184 padres diocesanos, 2.365 religiosos, 283 religiosas e vários seminaristas. Em 28 de outubro, Bento XVI beatificou 398 mártires desta revolução de uma só vez, o que ficou conhecido como a maior beatificação da história da Igreja.


Em nossos tempos, o número de cristãos perseguidos também caminha para se igualar aos do século passado. Segundo o sociólogo investigador David Barrett, no seu livro World Christian Trends AD 30-AD 2200, na primeira década deste milênio foram 160 mil cristãos assassinados e, na segunda década, calcula-se o número de 150 mil. Segundo os cálculos, um cristão é assassinado a cada cinco minutos, um dado que os coloca no topo dos grupos mais perseguidos do mundo.
Por que nem todos sabem destes dados?
“Não é interessante para a mídia divulgar o martírio de cristãos”, diz a missionária do ministério Portas Abertas, um grupo evangélico fundado por Irmão André ainda na época da ‘cortina de ferro’, o qual tem por missão dar suporte a esta Igreja perseguida. Segundo a missionária – que já visitou países como Cuba, Iraque e Paquistão -, os cristãos desses países não possuem, muitas vezes, nem sequer uma Bíblia e vivem a sua fé sob a pressão de grupos radicais islâmicos. “Estes nossos irmãos vivem uma fé autêntica, porque ser cristãos em países hostis ao Cristianismo significa viver sob o constante risco de morte ou tortura. Uma pessoa muçulmana que se converte ao Cristianismo, por exemplo, morre se não voltar atrás, mas, mesmo assim, eles não negam a fé em Jesus”, diz Elizabeth.


Um outro tipo de perseguição
A perseguição em nossos tempos não é somente a física, ou seja, o martírio de sangue. Existe uma outra forma de perseguição que se espalha pelo mundo e por países que, antes, eram profundamente cristãos.
“O Papa fala hoje do martírio da ridicularização, ou seja, se você se denomina cristão no trabalho, na universidade ou coloca um crucifixo no peito, eles o ridicularizam. Vão chamá-lo de alienado, de fundamentalista, medieval. Não é uma perseguição que vem com as armas, mas com a cultura”, explica professor Felipe Aquino, professor de História da Igreja e apresentador da TV Canção Nova.
Um exemplo desta secularização e hostilidade ao Cristianismo, sobretudo à Igreja Católica, mostra-se na França. “Recentemente, a ministra do alojamento francês acabou de pedir, publicamente, que a Igreja devolva imóveis e salas para colocar outras pessoas dentro. O atual governo decidiu voltar atrás no reconhecimento de diplomas dos estudantes sob o argumento de que estas instituições estão ligadas à Igreja e ao Vaticano e não podem gozar dos mesmos privilégios das instituições estaduais”, disse Louis-Marie Guitton, responsável pelo observatório sócio-político da diocese de Toulon, na França.
No Brasil, este laicismo também começa a dar as suas caras. Em março deste ano, a pedido da Liga Brasileira de Lésbicas, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul  (RS) determinou a retirada dos crucifixos e símbolos religiosos dos espaços públicos e prédios da justiça gaúcha. Em novembro, o Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, pediu a retirada do termo “Deus seja Louvado” das cédulas da moeda brasileira, o Real, com o argumento de que o Estado é laico.


Um Estado laico significa negar a cultura religiosa de seu povo?
“Nós estamos num Estado cuja maioria da população é cristã, isto significa que ter um crucifixo, por exemplo, num prédio público é respeitar o sentimento religioso desta maioria e também a fé cristã que está impregnada na cultura do Brasil”, diz o advogado especialista em direito civil Aleksandro Clemente.
Já para Elizabeth, da missão Portas Abertas, é preciso que os cristãos do Brasil aprendam com os países que se fecharam ao Evangelho. “Se nós formos ver, os países mais hostis ao Cristianismo, hoje, são aqueles nos quais o Cristianismo era muito forte no início, onde ele nasceu. Nós precisamos estar atentos às leis que tramitam no Congresso, porque nenhum país se fecha ao Evangelho da noite para o dia, as coisas vão acontecendo devagar”, disse a missionária.

Veja mais sobre o tema:

Leia hoje: São Lucas 21,12-19 

E seja Feliz!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Mensagem do Papa BentoXVI para o Financial Times Americano


Tempo de empenho no mundo para os cristãos

“Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” foi a resposta de Jesus quando lhe foi perguntado o que pensava sobre o pagamento dos impostos. Aqueles que o interrogavam, obviamente, queriam fazer-lhe uma armadilha. Queriam forçá-lo a tomar partido no debate político sobre a dominação romana na terra de Israel. E ainda estava em jogo algo mais: se Jesus era realmente o Messias esperado, então seguramente seria oposto aos dominadores romanos. Portanto a pergunta era calculada para desmascará-lo ou como uma ameaça para o regime ou como um impostor.

A resposta de Jesus habilmente traz a questão para um nível superior, confrontando de forma sutil a politização da religião e o endeusamento do poder temporal, assim como a busca incansável da riqueza. Os seus ouvintes precisavam entender que o Messias não era César, e que César não era Deus. O reino que Jesus vinha instaurar era de uma dimensão absolutamente superior. Como responde a Poncio Pilatos: “O meu reino não é deste mundo”.

As histórias do Natal no Novo Testamento têm o objetivo de exprimir uma mensagem similar.  Jesus nasce durante um “recenseamento do mundo inteiro”, desejado por César Augusto, o imperador famoso por ter levado a Pax Romana em todas as terras submetidas ao domínio romano. No entanto, esta criança, nascida em uma escuridão e distante do império, estava para oferecer ao mundo uma paz muito maior, verdadeiramente universal em seu propósito e transcendente a cada limite de espaço e de tempo.

Jesus nos é apresentado como herdeiro do rei Davi, mas a libertação que ele trouxe ao próprio povo não dizia respeito ao tomar cuidado com o exercito inimigo; tratava-se, em vez disso, de vencer para sempre o pecado e a morte.

O nascimento de Cristo nos desafia a repensar as nossas prioridades, os nossos valores, o nosso próprio modo de viver. E enquanto o Natal é sem dúvida um tempo de grande alegria, é também uma ocasião de profunda reflexão, antes de tudo um exame de consciência.  Ao fim de um ano que significou privações econômicas para muitos, o que podemos aprender da humildade, da pobreza, da simplicidade da cena do presépio?

O Natal pode ser o tempo no qual aprendemos a ler o Evangelho, a conhecer Jesus não somente como a Criança da manjedoura, mas como aquele no qual reconhecemos o Deus feito homem.

É no Evangelho que os cristãos encontram inspirações para a vida cotidiana e para o seu envolvimento nos negócios do mundo – seja isso vindo no Parlamento ou na Bolsa. Os cristãos não devem escapar do mundo; pelo contrário, devem empenhar-se nesse.  Mas o seu envolvimento na política e na economia deve transcender cada forma de ideologia.

Os cristãos combatem a pobreza porque reconhecem a dignidade suprema de cada ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus e destinado à vida eterna. Os cristãos trabalham por uma divisão igualitária dos recursos da terra porque estão convencidos de que, como administradores da criação de Deus, nós temos o dever de cuidar dos mais frágeis e dos mais vulneráveis. Os cristãos se opõem à ganância e à exploração na crença de que a generosidade e um amor altruísta, ensinado e vivido por Jesus de Nazaré, são a via que conduz à plenitude da vida. A fé cristã no destino transcendente de cada ser humano implica na urgência da tarefa de promover a paz e a justiça para todos.

Porque tais fins são compartilhados por muitos, é possível uma grande e fecunda colaboração entre os cristãos e os outros. E, todavia, os cristãos dão a César somente aquilo que é de César, mas não aquilo que pertence a Deus. Às vezes, ao longo da história, os cristãos não puderam concordar com as exigências feitas por César. Do culto do imperador da antiga Roma aos regimes totalitários do século passado, César procurou tomar o lugar de Deus. Quando os cristãos se recusam a se curvar aos deuses falsos propostos em nossos tempos não é porque têm uma visão antiquada do mundo. Pelo contrário, isso acontece porque estão livres das amarras da ideologia e animados por uma visão tão nobre do destino humano que não podem aceitar compromissos com algo que possa miná-los.

Na Itália, muitos presépios são adornados por ruínas de antigas construções romanas ao fundo. Isso demonstra que o nascimento do menino Jesus marca o fim da antiga ordem, o mundo pagão, no qual as reivindicações de César pareciam impossíveis de desafiar. Agora há um novo rei, que não confia na força das armas, mas no poder do amor. Ele traz esperança a todos aqueles que, como ele mesmo, vivem às margens da sociedade. Traz esperança a quantos são vulneráveis na sorte incerta de um mundo precário. Da manjedoura, Cristo nos chama a viver como cidadãos do seu reino celeste, um reino que cada pessoa de boa vontade pode ajudar a construir aqui na terra.

PHN! Por Hoje eu Não vou mais pecar!

 Hoje eu quero partilhar com vocês essa meditação e essa oração do Monsenhor Jonas Abib, para continuamente buscarmos atender aos planos do Senhor em nossas vidas, e não às nossas vontades.

Somente quando buscamos a pureza e a retidão de nossos sentidos e pensamentos e ações, encontraremos a Deus. Ele está sempre perto de nós, mas fica em silêncio. O pecado faz muito barulho em nós e à nossa volta. Mas quando 'tampamos' os ouvidos de nossa alma, isto é, quando nos recusamos a seguir nossas fraquezas, nossas concupiscências, então Deus se manifesta, Belo, Grande, Amoroso!

Acredite, contra tudo e contra todos: Deus é bom e Ele ama você!

 
Eu me decido a não pecar! “Não vos enganeis, meus irmãos muito amados” (Tg 1,16).

Ceder à concupiscência qualquer um o faz. Isso é muito fácil. Mas aqueles que são realmente homens e mulheres de Deus vencem a tentação movidos pela vontade de dar ao Senhor a vitória. O inimigo de Deus sabe que tudo está em nossa vontade, somos nós que decidimos; assim como sabe que somos fracos. Por isso decidiu miná-la e anular nossa capacidade de decisão. Muitos acabaram “indo na onda” dos outros e se afundaram.

Peça ao Senhor que fortaleça sua vontade. Abra o coração para que o Divino Espírito Santo lhe revele as concupiscências que pesam sobre você, fazendo esta oração:

"Eu me decido por Ti, Senhor: Pelos teus caminhos e pelas tuas leis. Eu me decido a não deixar que a concupiscência seja fecundada em mim. Dá-me, portanto, Senhor força de vontade. Dá-me a graça da decisão. Eu me decido a não pecar. Mesmo que eu sinta a força da concupiscência em mim, querendo me arrastar, eu não vou ceder. Eu sou “terra boa” e não posso produzir maus frutos. Não posso produzir pecado em minha vida. Só tuas sementes podem florescer em mim. Sei que cedi à tentação muitas vezes, e por isso, minha vontade se enfraqueceu. Peço: fortalece minha vontade. Dá-me a graça de não pecar. Senhor, eu me decido por Ti! Amém".

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova


E Seja Feliz!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Crer em Jesus Cristo: verdadeiro Deus e verdadeiro homem

Jéssica Marçal

Padre Toninho destacou a indissociabilidade entre as naturezas divina e humana de Jesus Cristo
Os católicos vivem atualmente o tempo do Advento, que é uma preparação para o Natal. A data celebra o nascimento do Senhor Jesus Cristo, um dos mistérios da fé cristã, que tem Jesus como o Filho de Deus, o enviado pelo Pai para salvar a humanidade. Essa é uma crença que os católicos professam no Credo, oração que pode ser meditada em especial neste Ano da Fé, como forma de entender melhor a fé católica.

Sendo uma das pessoas da Santíssima Trindade, Cristo é chamado pelos católicos como Senhor. O padre Antônio Justino Filho, padre Toninho, da Comunidade Canção Nova, explicou que isso se deve, primeiramente, ao fato de Jesus ser o Filho de Deus Pai. Além disso, Ele habitou entre os seres humanos, sendo a face do Deus que até então ninguém tinha visto.

“A pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo é a imagem visível do Deus invisível (...) por isso ele é o Senhor, porque Ele ressuscitou, e sendo senhor Ele tem esse título de Kyrios: Senhor”.

Essa forma de se referir a Jesus tem um significado especial para os cristãos. O Youcat, recente versão do Catecismo da Igreja Católica voltada aos jovens, explica que dizer que Jesus é o Senhor implica no fato de que um cristão não deve se submeter a nenhum outro poder.  Os cristãos conhecem o poder de Jesus não somente pelas profecias que anunciavam a vinda do Filho de Deus, mas por todos os milagres realizados.

Os fiéis reconhecem em Jesus a divindade, uma vez que é Deus, e a humanidade, pois se fez homem entre os homens. Quanto a isso, padre Toninho lembrou que as naturezas divina e humana de Cristo não se sobrepõem, ou seja, nenhuma é maior que a outra. “Ele não é nem mais Deus e nem mais homem.(...) A divindade e a humanidade de Jesus não se separam, por isso que Ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem”.

E quando se fez homem entre os homens, Jesus chamou 12 apóstolos para seguir sua missão de difundir a Palavra de Deus na terra. Mas o chamado não parou por aí. A partir dessas 12 pessoas, a Igreja chamou outros para serem apóstolos da Igreja. Exemplo disso, segundo padre Toninho, são os bispos.

“Os bispos, são os sucessores dos apóstolos e nessa sucessão apostólica, a tradição apostólica vai sendo passada de geração a geração dentro da vida da Igreja. Então hoje, o chamado a viver uma apostolicidade, como assim nós chamamos na Igreja, é para todos os batizados, mas de modo especial para aqueles que têm um chamado especial como são os bispos”.

Mas, afinal, o que mudou no mundo a partir da vinda de Cristo? Padre Toninho lembrou que muita coisa mudou. O ponto destacado por ele foi o grande impulso evangelizador que os discípulos missionários tiveram após a vinda de Cristo, cujas palavras contidas no Evangelho exortam à pregação da Boa Nova a todas as criaturas. 

“Se hoje nós temos essa presença da Igreja em vários lugares do mundo, é devido a isso: após a morte e ressurreição de Jesus, os discípulos foram impulsionados a sair em missão. Então eu vejo essa grande novidade da ressurreição de Jesus: o mundo que começou a conhecer a Palavra de Deus”. 

Fonte: Canção Nova

"Creio em Deus Pai..."

Professor explica o significado da crença em Deus Pai

Jéssica Marçal
Da Redação

 'Deus é absoluto, é a plenitude, tudo sabe, tudo pode', lembra o professor Felipe Aquino
Creio em Deus Pai todo poderoso, criador do céu e da terra. Esta é a primeira frase da oração do Credo, trecho que reflete a crença dos fiéis em Deus Pai. Esta profissão de fé, no entanto, às vezes passa despercebida pelo fato de ser rezada rapidamente ou de modo mecânico, motivo pelo qual o Papa Bento XVI pede maior atenção a esta oração em especial neste Ano da Fé.

Quando se fala sobre a crença em Deus, junto a isso vêm as características de Deus, e uma delas é a unicidade. O professor Felipe Aquino, que é autor de vários livros sobre a doutrina da Igreja católica, lembrou que Deus é único, os fiéis acreditam em um único Deus, e não poderia ser diferente.

“Deus é absoluto, Deus não pode ser mais de um. Se houvesse dois deuses, um deles seria menor, então não seria Deus. A própria reflexão filosófica indica que não pode haver dois deuses e também porque isso foi revelado, Deus é absoluto, é a plenitude, tudo sabe, tudo pode”.

Santíssima Trindade: três deuses?

Mas alguns fiéis, mesmo acreditando na unicidade de Deus, ainda têm dúvidas quanto a isso tendo em vista que acreditam na Santíssima Trindade, ou seja, a crença de que Jesus também é Deus, assim como o Espírito Santo.

De acordo com o professor Felipe,  acredita-se em um só Deus, mas em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Porém, ele destacou que as três pessoas não dividem a divindade, de forma que uma não possui mais majestade que a outra, e sim são igualmente Deus.

“O Pai é inteiramente Deus, o Filho é inteiramente Deus e o Espírito Santo é inteiramente Deus. Os três possuem a plenitude da divindade e formam um só Deus. A Igreja explica assim: é uma única natureza, uma única substância, mas com três pessoas distintas. Evidentemente é um mistério que a nossa inteligência não consegue entender 100%, mas por que nós aceitamos? Porque Jesus revelou”.

Onipotência

E assim como é único, Deus é onipotente. Acreditar nisso é acreditar que Deus de fato é aquele que tudo pode. O professor exemplificou a onipotência de Deus lembrando a passagem bíblica em que o anjo conta a Maria sobre a concepção de João Batista, “porque a Deus nenhuma coisa é impossível” (Lc 1, 37).  Isso tendo em vista que Isabel já estava na velhice e era tida como estéril.

E é devido a essa onipotência de Deus, segundo explicou professor Felipe, que às vezes o homem não entende as obras divinas, de forma que as aceita pela fé. “Ele (Deus) nos revelou e nós acreditamos Nele”, disse.

Por que Deus é Pai?

Mesmo professando que Deus é Pai e se deparando com explicações que comprovam essa crença, às vezes encontra-se pessoas que não se sentem filhas de Deus, que não entendem porquê Deus é Pai.

Quanto a isso, o professor explicou que o ser humano foi criado por Deus, não há outra explicação. “Nossos pais foram cooperadores com Deus, mas ninguém pode dar a vida, só Deus, e quem dá a vida é o Pai. Então essas reflexões todas, a revelação bíblica em que nós confiamos mostra Deus como Pai”.

E como mais uma prova, professor Felipe destacou o amor de Deus por todos os seus filhos. “São João diz (Jo 3, 16) que Deus amou-nos a tal ponto que deu seu Filho único para morrer por nós na cruz para que a gente não se perdesse. Não tem amor maior do que isso. O amor de Deus é de Pai, é explícito, agora é preciso ter fé para acreditar nisso”, finalizou.

Leia mais
.: Você entende o significado da oração do Credo?

Fonte: Canção Nova

Leia hoje: Salmo 70

E seja Feliz!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Caos Social Ou Falta de Fé?

Professor Felipe Aquino fala da tragédia dos EUA

Mais uma vez, acontece o mesmo tipo de tragédia nos Estados Unidos da América: Adam Lanza, um jovem desequilibrado, de 20 anos, matou cerca de vinte crianças e pelo menos seis adultos numa escola primária do Estado norte-americano do Connecticut, colégio Sandy Hook.
Diante de um fato como esse, muitas pessoas se desesperam e outras querem culpar Deus por tal fato. Como Ele pode permitir isso? Ora, Ele não tem culpa alguma disso, pois quer a paz, o amor, a verdade, a justiça e a liberdade. Esse é o Reino d’Ele. A culpa é do homem que se deixa guiar por filosofias e ideologias erradas e se afasta do Senhor e de Suas leis.
Deus nos fez belos, criados à Sua “imagem e semelhança” (Gn 1,26), por isso temos inteligência, liberdade, vontade, memória, consciência, etc., que os animais não têm. Eles não sabem o que fazem, mas nós sabemos. Com esses atributos, podemos dirigir este mundo na paz, no amor e na harmonia seguindo as leis do Senhor.
O salmista diz: “Os céus são céus do Senhor, mas a terra, ele a deu aos filhos de Adão” (Sl 113,24 ou 115,24). Isso quer dizer que Deus confiou e confia no homem e entregou o governo da Terra em suas mãos com as leis da criação. Com as faculdades intelectivas e espirituais, o homem pode e deve cuidar bem da humanidade e da Terra.
Cabe aos sociólogos, psicólogos e psiquiatras levantar as causas profundas da tragédia americana; mas algumas razões nos saltam à vista. Trata-se de uma família ferida, na qual não aparece a figura do pai. A mãe é divorciada; a educação dos dois filhos foi falha; a carência deles é notória. O rapaz era isolado e vivia sem amigos. Ora, isso não é normal para um jovem.
A mãe do assassino, Nancy Lanza, foi assassinada pelo próprio filho Adam. Era uma mulher sem orientação cristã, angustiada com a situação do mundo e com a crise financeira do país; imaginando uma catástrofe em breve. Isso a levou a ensinar os filhos Adam e Ryan Lanza a atirar, como se isso fosse um meio de se defenderem do imaginário caos social à frente. Certamente, outras ideias erradas foram passadas a esses filhos, criando neles também o medo, o pânico e a revolta.
Fico até imaginando se esse rapaz não poderia achar que matando essas crianças as estaria livrando de um mundo cruel à frente.
O jornal “Daily Mail” noticiou que os amigos e vizinhos de Nancy disseram que ela acreditava que o mundo estaria à beira de um colapso e temia perder o filho. Nancy fazia parte de um movimento chamado de “prepper”, o qual acredita que as pessoas devem se preparar para o caos social. É o perigo disseminado pelas seitas de todos os tipos. Ela estaria estocando comida, água e armas dentro de casa.
Marsha, ex-cunhada de Nancy, disse que ela protegia as armas que tinha em casa. Havia cinco armas registradas em seu nome. Três foram levadas pelo filho para o massacre no colégio Sandy Hook e uma quarta foi encontrada no carro que ele usou.
Certamente, tratava-se de uma mãe amedrontada, desorientada e que não sabia educar os filhos. O fato de ter sido assassinada pelo próprio Adam mostra que a relação entre mãe e filho devia ser difícil.
É preciso também perguntar se a mídia, que dissemina ideias amedrontadoras de “fim do mundo”, como o tal “21/12″ e outras bobagens sem a menor base científica e religiosa, perturbando as pessoas emocionalmente instáveis e com tendências a psicopatia, não têm culpa nisso também. Recebo e-mails de pessoas amedrontadas achando que o mundo vai acabar mesmo; é um verdadeiro “terrorismo espiritual” motivado por razões até mercadológicas.
Tudo isso mostra a falta de uma família bem estruturada, religiosa, guiada pela lei de Deus. Nela há paz, harmonia, amor aos filhos e aos pais, cultivo das virtudes, educação sadia, superação dos problemas.
Mais do que nunca, esses terríveis acontecimentos nos alertam para a necessidade de fortalecermos a família segundo o coração do Senhor, no qual o pai e a mãe educam seus filhos na fé e no amor a Deus.
Na sua ‘Mensagem de Paz’, do dia 1º de janeiro de 2013, o Papa destacou, mais uma vez, a importância da verdadeira família:
“Também a estrutura natural do matrimônio, como união entre um homem e uma mulher, deve ser reconhecida e promovida contra as tentativas de a tornar, juridicamente, equivalente a formas radicalmente diversas de união que, na realidade, a prejudicam e contribuem para a sua desestabilização, obscurecendo o seu caráter peculiar e a sua insubstituível função social”.

Professor Felipe Aquino
@PFelipeAquino 

Fonte: Canção Nova

Você entende o Significado da Oração do Credo?

Jéssica Marçal
Da Redação Canção Nova

Padre Toninho destacou a necessidade de refletir sobre a oração, o que atende ao pedido do Papa Bento XVI neste Ano da Fé
Neste 'Ano da Fé', proclamado pelo Papa Bento XVI para o período de 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013, o Santo Padre pede aos fiéis para que rezem a oração do Credo. Esta é a profissão de fé dos fiéis, ou seja, expressa qual é a verdadeira crença dos fiéis católicos. Nesta semana, o noticias.cancaonova.com exibe uma série de cinco reportagens que refletem o significado da oração.
 
Existem duas formas de se rezar o Credo. Padre Antônio Justino Filho, conhecido como padre Toninho da Comunidade Canção Nova, explicou que a primeira, denominada Credo niceno-constantinopolitano, é resultado dos primeiros concílios ecumênicos da Igreja: o Niceno, de Niceia, no ano 325, e o de Constantinopla, em 381.
 
O sacerdote disse que esta oração ainda é muito comum nas grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente. Ela pode ser rezada nas Celebrações Eucarísticas dependendo da liturgia, o que acontece, normalmente, em ocasiões solenes.
 
Mas há uma forma mais resumida desta oração, o qual é chamado 'símbolo dos apóstolos', ou seja, o Credo que se reza normalmente na Santa Missa no momento da Profissão de Fé.
 
“Nós temos o 'símbolo dos apóstolos', assim chamado por ser considerado o resumo fiel da fé deles, um antigo símbolo da fé batismal da Igreja de Roma e sua grande autoridade vem do seguinte fato: ele é o símbolo guardado pela Igreja Romana, aquela na qual Pedro, o primeiro apóstolo, teve a sua fé e para onde ele trouxe a comum expressão de fé, opinião comum. Isto quem diz é Santo Ambrósio, um grande Santo da Igreja”, informou padre Toninho.
 
O sacerdote ressaltou que o Credo niceno constantinopolitano é o mais completo símbolo de fé. Contudo, este resumo de fé dos apóstolos aconteceu para facilitar a vida da Igreja e dos cristãos, já que a oração fruto dos dois Concílio é um Credo um pouco mais extenso.
 
Ano da Fé
 
Tendo em vista que o Credo é a profissão de fé dos fiéis, o Papa pede que todos o rezem com atenção neste 'Ano da Fé', isso porque a proposta deste Ano é, justamente, uma redescoberta da fé, de forma que os cristãos saibam entender e dar razões da fé que têm.
 
Quanto a isso, padre Toninho acrescentou o fato de que, muitas vezes, se reza muito rápido, mas é necessário parar e refletir sobre o que se está rezando.
 
“A primeira palavra que a profissão de fé nos mostra é o ‘creio’. Em que você crê? Começa daí, pois a fé é você meditar aquilo que você está rezando. Você crê em quem: no Pai, no Filho, no Espírito Santo, na Igreja, na Ressurreição da Carne? Esse crer significa a minha adesão àquilo que eu estou rezando. Então, nesse Ano da Fé, o Papa pede isso: essa maior interiorização naquilo que se reza”, destacou.
 
Leia hoje: Jeremias 23,5-8
 
E seja Feliz!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Não podemos nos tornar escravos do medo!


Não podemos nos tornar escravos do medo“Todos os meus temores se realizam, e aquilo que me dá medo vem atingir-me” (Jó 3,25).

Não podemos nos tornar escravos do medo; ao contrário, temos de lutar contra esse sentimento, sempre confiando em Deus. Na verdade, o que o inimigo quer é que nos tornemos escravos dele [medo] e da doença para que fiquemos mergulhados na autopiedade e revoltados com Deus e com as pessoas que estão à nossa volta.

Por isso, se você está doente, reze, peça oração e procure um médico. Esse profissional possui os meios para nos ajudar. Não se entregue ao desespero, pois a medicina provém de Deus (cf. Eclesiástico 38,9-12).

Na hora da dor abandone-se nas mãos do Senhor, lute para não murmurar e não entregue a sua alma à tristeza. Una-se à cruz de Cristo oferecendo todo o seu sofrimento em desagravo aos pecados cometidos contra o Sagrado Coração de Jesus, pela conversão dos pecadores, pela conversão de seus familiares e pelas almas do purgatório, entregando tudo como sacrifício agradável ao Senhor.

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

Leia hoje: Isaías 41,13-20

E seja Feliz!

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Maria Santíssima e o Advento

Por Dom Hilário

Você sabe, o Advento é o tempo litúrgico que nos prepara para o santo Natal: dura quatro semanas, nas quais têm importância particular os quatro domingos que dão início a cada uma delas. O segundo domingo do Advento ocorre sempre nas proximidades da festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora (8 de dezembro).

A figura de Maria Imaculada, no Advento, merece lugar especial, pois, de certa forma, Ela é o Advento. Por que? Porque ninguém melhor do que Ela esperou a chegada do Filho de Deus que trazia em seu seio. Ninguém melhor do que Ela se preparou para acolher o Filho de Deus.
Se, ao nascer, Jesus foi posto numa manjedoura de animais no interior de uma gruta fria e sombria, ao ser concebido, Ele encontrou um “lugar” bem melhor, bem mais puro, bem mais santo: o seio da Virgem de Nazaré. O Filho de Deus foi a única pessoa que pôde escolher a própria Mãe. Escolheu-a e a preparou para cumprir essa missão sublime.

Vindo ao mundo a fim de destruir o domínio do diabo e do pecado, não teria sentido o Filho de Deus ser concebido por mulher dominada manchada pelo pecado (o pecado original). A morte de Cristo na cruz nos resgatou a todos nós do pecado. Resgatou também Maria, mas de forma diferente.
 “O Verbo se fez carne e habitou entre nós.” (Jo 1,14)
Nós, que nascemos com a mancha do pecado original, somos purificados do pecado por meio do batismo, pelo qual são aplicados a nós os méritos de Jesus morto na cruz. Maria também foi resgatada, mas por antecipação, isto é, impedindo que o pecado a manchasse: por isso Ela é chamada a Imaculada Conceição. Isenta de toda mancha de pecado, Ela também é cheia de graça, isto é, repleta dos dons de Deus. Em outras palavras, em Maria, a presença da Santíssima Trindade a tornou um paraíso de bênçãos, uma mar de vida divina, mais do que todos os santos e as santas do céu. Esta é Maria que, no Advento, vemos caminhar para Belém à espera do nascimento do Salvador do mundo.

Como Maria se terá preparado para esse momento sublime? Sem dúvida pela atenção à Palavra de Deus, pela oração, pelo amor ao Filho de Deus que trazia em seu seio. É isto que também se espera de todos nós na preparação (Advento) do santo Natal.

O Advento é tempo de ouvir com mais atenção a Palavra de Deus, de aumentar a entrega à oração, de crescer no amor ao Filho de Deus que quer nascer dentro de nós, de ampliar a fraternidade para com os irmãos e as irmãs de Jesus que são todos os seres humanos.

Tome Maria como exemplo, como modelo. Ponha-se a seu lado, caminhe com Ela e vá aprendendo a se preparar para acolher Jesus que vem. O Natal sem Jesus não tem sentido. O Natal sem Maria não é bem celebrado. Maria é o Advento! Que o seu Advento seja como o de Maria!

Fonte: Totum Tuum
Que a Cheia de Graça ajude-o a se preparar para o Natal do Senhor em sua vida, e o transforme em Discípulo Missionário!
Leia hoje: Isaías, 40, 1-11

E seja Feliz!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A Imaculada Conceição

Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça
Imagem de DestaqueO tempo do Advento tem, sem dúvida alguma, um sabor mariano. É com a Virgem que melhor aprendemos como esperar o Sol que nasce da Aurora, o Cristo, nosso Deus! Por isso, é muito conveniente celebrar a Solenidade da Imaculada Conceição de Maria, a Virgem.

O que a Igreja crê e celebra neste mistério? A Escritura Santa nos ensina que a humanidade fora criada por Deus para a comunhão com Ele, para ser feliz convivendo com Ele, construindo a vida e o mundo. Mas, infelizmente, desde o início da história humana e até hoje, nossa raça foi dizendo “não” ao sonho de Deus. Quisemos e queremos ainda ser como deuses, conhecedores do bem e do mal (cf. Gn 3,4s); queremos viver a vida de modo autônomo, como se a existência fosse nossa e não um dom recebido do Senhor. Se não dizemos, pensamos muitas vezes: "A vida é minha; faço dela o que eu quero! O resultado dessa atitude tem sido trágico: tornamo-nos uma humanidade ferida, esfacelada num mundo também ferido e esfacelado.

Somos todos presa de um enorme fechamento para Deus, uma desconfiança n'Ele, uma tendência a não percebê-Lo. Por isso somos profundamente desequilibrados no nosso modo de nos ver, de ver a vida, de nos relacionar com os outros e com o mundo. Somos um poço de contradições, de paixões, de anseios desencontrados e sentimentos, muitas vezes, destrutivos. Somos, pois, profundamente feridos de morte, feridos até a morte! É esta situação miserável que a Igreja denomina “pecado original”, pecado que já nos marca desde o primeiro momento de nossa existência: “Minha mãe já concebeu-me pecador” (Sl 50,7). É desta situação miserável, sem saída, que Cristo nos arranca com a Sua encarnação, Sua vida, Sua morte e ressurreição com o dom do Seu Espírito: “Todos pecaram e estão privados da glória de Deus, e são justificados gratuitamente em virtude da redenção realizada por Jesus Cristo” (Rm 3,23s).

Pois bem, a Igreja crê, firmemente, que a toda Santa Virgem Maria, desde o primeiro momento em que foi concebida no seio de sua mãe, foi preservada por Deus desta solidariedade com esta situação de pecado. Nós já nascemos marcados de morte; ela, desta marca de pecado foi preservada; nós, precisamos ser arrancados da lama do pecado graças à cruz do Cristo; ela, pela cruz do Cristo foi liberta desde a origem e, sequer, foi tocada por esta lama maldita; nós fomos redimidos, porque lavados desta lama; ela foi ainda mais perfeitamente redimida. porque, pelos méritos da Paixão do Senhor, sequer experimentou esta situação de pecaminosidade.

Desde o ventre materno, desde o primeiro instante de sua concepção, o Senhor a libertou graças aos méritos de Cristo. Ela, a Virgem, pode ser chamada Toda Santa, isto é, Toda Santificada. Ela pode cantar as palavras da profecia de Isaías: “Com grande alegria rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me vestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias!”

A Igreja crê nesta Concepção Imaculada da Mãe de Jesus e com ela se alegra. E crê fundamentada na Escritura Sagrada. A Palavra de Deus não afirma que o Senhor colocou uma inimizade de morte entre a serpente e a Mulher, entre a descendência da serpente e da Mulher? Quem é esta Mulher? Não é aquela a quem Jesus chama Mulher em Caná e ao pé da cruz? Não é aquela de quem São Paulo diz: “Quando chegou a plenitude dos tempos, enviou Deus o Seu Filho nascido de Mulher? Como, pois, poderia estar sob o domínio do pecado, fruto da serpente, a Mulher de quem nasceria o Cordeiro sem mancha, que tira o pecado do mundo?


Assista também: "Dogma da Imaculada Conceição", com prof. Felipe Aquino

Estejamos atentos ainda no modo como Gabriel saudou a Virgem no Evangelho: ele lhe muda o nome! Não diz "Alegra-te, Maria!”, mas “Alegra-te, Cheia de Graça!”. Cheia de graça, kecharitomene, do verbo charitô, agraciar. "Alegra-te, ó Toda Cumulada Pela Graça!", "Alegra-te, ó Mar de Graça, ó possuída totalmente pela graça! Em ti, Virgem Maria, não há o mínimo lugar, a mínima brecha para a “des-graça” do pecado!" – É isto que significam as palavras de Gabriel. Podem crer: Deus juntou toda água um dia e chamou de mar; Deus juntou toda graça, outro dia, e a chamou de Maria!

A Virgem não é dona da graça; ela a recebeu totalmente. A Virgem não é imaculada por seus próprios méritos, mas pelos méritos daquele que, nascido de suas entranhas benditas, venceu a antiga serpente e destruiu o antigo inimigo. Observemos que esta ideia aparece na segunda leitura da Missa desta solenidade. O que diz o apóstolo? O Pai “nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, para que sejamos santos e irrepreensíveis sob o seu olhar, no amor. Ele nos predestinou por intermédio de Jesus Cristo (Ef 1,4s).

Se todos somos fruto de um sonho eterno de Deus, se todos somos predestinados em Cristo, desde antes da fundação do mundo; se o Senhor conheceu nossos dias antes mesmo que um só deles existisse, pois bem: em Cristo, Deus, o Pai, preservou a Mãe do Seu Filho do pecado, graças ao Seu Filho! Que nossos irmãos protestantes se alegrem conosco pela Imaculada Conceição de Maria: ela é bíblica, ela exalta enormemente a grandeza abundante da graça de Cristo, único Salvador! São Paulo diz que “todos pecaram e estão privados da glória de Deus”; assim estaria a Virgem sem a graça de Cristo; mas disso foi libertada no primeiro momento de sua existência, graças a Cristo!

Esta é a beleza desta festa: o triunfo da graça, celebrar a graça de Cristo que age antes mesmo do nascimento histórico de Cristo! Que graça tão grande, que Salvador tão potente, que Deus tão previdente! E para nós, que alegria contemplar o mistério, vislumbrá-lo, mergulhar nele! Hoje, a Virgem foi concebida livre do pecado; hoje, começou a raiar a aurora do dia sem fim; surgiu a puríssima Estrela d’Alva que anuncia o Sol, que é o Cristo, nosso Deus!

A Igreja, exultante de alegria, tem palavras lindas na celebração litúrgica no dia da Imaculada. No Ofício Divino, ela assim se dirige à Virgem Toda Santa: “Com a vossa Imaculada Conceição, Virgem Maria, um anúncio de alegria percorreu o mundo inteiro” e, mais adiante, no Ofício, continua, admirada: “Toda bela sois, Virgem Maria, sem mancha original! Sois a glória de Sião, a alegria de Israel e a flor da humanidade”. E, imaginando a resposta da Virgem, coloca nos seus lábios estas palavras que ela dirige ao Senhor: “Foi nisto que eu vi, porque vós me escolhestes! Porque não triunfou sobre mim o inimigo, porque vós me escolhestes!” Isso mesmo: mais que ninguém, a Virgem é devedora a Cristo: Ele a escolheu, a preservou, sustentou-a e teve por ela uma predileção inigualável!

Alegremo-nos nós também! Em Cristo o pecado pode ser vencido! A Conceição Imaculada de Maria é sinal belíssimo desta vitória! Alegremo-nos, porque a Imaculada Conceição de Nossa Senhora é o feliz princípio e o primeiro albor da salvação que o Senhor Jesus nos traz! Bendita seja a cruz de Jesus, que antes de ser fincada no Calvário, já libertou com seus raios a Virgem de todo pecado! A Jesus, fruto bendito, do bendito ventre da bendita Virgem Maria, a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Foto Dom Henrique Soares da Costa
http://www.domhenrique.com.br
Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Auxiliar de Aracaju, Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana. Amplo conhecimento na área de Teologia Dogmática, vasta experiência no magistério em diversos cursos, retiros e seminários.



E seja Feliz!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Imaculada Conceição de Maria

Dia da Imacula Conceição
08 de dezembro

Dezembro é um mês especial por vários motivos; dentre eles, destacamos o dia 08 de dezembro, data em que celebramos a Imaculada Conceição.

No dia 8 de dezembro de 1854, por meio da bula 'Ineffabilis Deus', do Papa Pio IX, a Igreja oficialmente reconheceu e declarou solenemente como dogma: "Maria, isenta do pecado original".

.: Saiba mais sobre o Dogma da Imaculada Conceição

A própria Virgem Maria, quando da sua aparição em Lourdes, em 1858, confirmou a definição dogmática e a fé do povo dizendo para Santa Bernadette e para todos nós: "Eu Sou a Imaculada Conceição".

Nossa Senhora da Imaculada Conceição, rogai por nós!

Reze com a Canção Nova e as Irmas Carmelitas Mensageiras do Espírito Santo o Ofício da Imaculda:

O Ofício de Nossa Senhora, embora de origem medieval, é patrimônio da fé do povo brasileiro a Maria, mãe de Deus. Uma antiga tradição diz que Nossa Senhora se ajoelha no céu quando alguém na terra reza o ofício.

A oração deste ofício foi cantada pelas irmas Carmelitas Mensageiras do Espírito Santo e Margarida dos Santos Carvalho, membro da Comunidade Canção Nova desde 2007 e atualmente reside na frente missão da Canção Nova, na cidade de São Paulo. .

.: Veja também o Ofício de Nossa Senhora cantado por Eliana Ribeiro

fonte: Canção Nova

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Namoro às escondidas

Deixo esta reflexão para muitas pessoas - algumas até conheço - que vivem este tipo de relação.

Imagem de DestaqueNamoro às escondidas

Muitas pessoas vivem como amantes do próprio namorado
Quando estamos apaixonados, queremos que todos conheçam os motivos da nossa felicidade. Apesar disso, há quem esteja namorando há um tempo, mas prefere manter em segredo a nova experiência.
 
Poderiam ser muitas as justificativas para este tipo de relacionamento, desde a dificuldade de aceitação dos pais, as diferenças de idade e, até mesmo, o fato de um dos dois já viver uma relação com outra pessoa.
 
Mas que motivos alguém teria para manter o namoro em segredo se a pessoa com quem se relaciona o(a) faz feliz? Um namoro secreto, apesar de todas as manobras que o casal precisará fazer para viver seus encontros, tem início, muitas vezes, na maneira avançada como aconteceu a primeira aproximação. Talvez a liberdade que já existia na amizade ou nas conversas permitiram que os casais fossem além daquilo que estabelecia as fronteiras da amizade.
 
Intimidade semelhante também pode acontecer entre chefes e secretárias, professores e alunos, entre outros. A convivência diária poderá facilitar tais laços se entre eles não for estabelecido limites, especialmente se há algum tipo de impedimento por parte de um deles. Muitas pessoas, embora sejam completamente livres para assumir seus relacionamentos, vivem como amantes do próprio namorado. Outras, por estarem namorando alguém já compromissado, sujeitam-se às oportunidades oferecidas pelo vácuo dos encontros.
 
Ainda que o casal decida por viver o namoro, em hipótese alguma o acordo entre eles permite revelar a verdade sobre a atual situação; mesmo que o tempo de convivência tenha demonstrado que o relacionamento está ficando cada vez mais intenso.
 
Um namoro iniciado nessas condições elimina todas aquelas gostosas atividades que comumente vivem os apaixonados, tais como passear juntos, ser apresentado aos amigos e contar para o mundo, nas redes sociais, que está num relacionamento sério com fulano (a).
 
O doloroso pacto de silêncio entre os namorados os forçam a viver como bons amigos. Diante dos conhecidos, a pessoa precisará simular o comportamento de quem traz apenas um grande afeto por aquele que, na verdade, está apaixonado.
 
O peso de um namoro às escondidas faz com que os casais não possam atender ao telefone quando a chamada for do namorado, não permite que eles se falem quando a saudade bater à porta ou viver outras coisas comuns para a maioria dos apaixonados.
 
Assim, essa experiência, que deveria ser um motivo de felicidade, acaba se reduzindo em breves e limitados encontros.
 
É verdade que o casal até poderia se encontrar em lugares públicos, mas desde que o comportamento fosse apenas de pessoas “conhecidas”, ou seja, sem beijos, toques, afagos e outros carinhos pertinentes ao namoro.
 
Há também aqueles que tratam a pessoa como namorada apenas quando lhe é conveniente. Na expectativa de oficializar o relacionamento, a pessoa mais apaixonada deixa passar os dias, meses ou anos, vivendo o “caso secreto” segundo a vontade da outra pessoa.
 
O relacionamento sem vínculos para com o outro parece não ter futuro, pois, além de comprometer a autoestima da(o) namorada(o), há também a possibilidade de a pessoa se fechar para um verdadeiro e compromissado namoro.
 
E o grande risco para quem se vê envolvida neste tipo de união será de perceber que está investido a sua vida num relacionamento instável, no qual ela mal consegue definir o verdadeiro estado de vida dentro desse tipo de relação.
 
Um verdadeiro relacionamento robustece a nossa autoestima e nos traz ânimo. Do contrário, qualquer outro tipo de namoro descompromissado traz somente preocupação e insegurança.
 
Um abraço.
 
Foto Dado Moura
contato@dadomoura.com
Dado Moura é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova como articulista. Autor do livro Relações sadias, laços duradouros e Lidando com as crises
Outros temas do autor: www.dadomoura.com
twitter: @dadomoura
facebook: www.facebook.com/reflexoes

Seja Feliz!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Até quando, Senhor?

Algumas reflexões sobre o conflito: Gaza e Israel

22 novembro,2012  |  autor: Luana Oliveira  |
De muitas partes, solicitam-nos que expressemos nossa opinião sobre o que está acontecendo em Gaza. Nada dissemos até agora, pois, honestamente, não sabemos o que dizer. As instituições eclesiais são informadas e se expressam a respeito, por isso não nos parece necessário repetir o que outros publicam no rito já costumeiro de declarações equilibradas e corretas. Em certas ocasiões, as costumeiras exortações de cessar as hostilidades, que convidam ao diálogo, mesmo sendo verdadeiras e necessárias, parecem longe da realidade, a ponto de parecer mensagens hipócritas. Sobre esse enésimo e inútil banho de sangue, porém, devemos fazer algumas considerações.
1. Mais uma vez, violência, morte e destruição são a linguagem comum em que nos encontramos. E não tem sentido começar a discutir sobre quem iniciou, fazer a conta dos mortos e atribuir a responsabilidade. Sabemos apenas que não se chegou à solução alguma e será somente questão de tempo, antes que tudo isso recomece numa espécie de círculo vicioso. Infelizmente, uma solução global nos parece muito longínqua.
2. Fazemos votos de que essa violência não degenere em novos atentados e outras formas de vingança que nos levem a tempos passados. É preciso que todos os responsáveis voltem à moderação e impeçam toda forma de perigosa escalada de violência.
3. Diante de tanta violência e impotência de todos, para nós que cremos, resta-nos o único recurso: a oração. Ela nos é necessária como o ar que respiramos, para que nos consinta de ver o que acontece com um olhar de fé. Quem crê deveria olhar o mundo com os olhos de Deus, que é Pai, justo e misericordioso. É o único modo para não cair na lógica da violência e da rejeição do outro, testemunha desse enésimo conflito. Apesar de tudo o que está acontecendo, ainda devemos crer no outro. Sem Deus é impossível.
4. Nossas comunidades religiosas devem empenhar-se, mais do que nunca, nas muitas pequenas iniciativas de diálogo e paz. Não mudaremos o mundo na Terra Santa, mas seremos aquela pequena quantidade de oxigênio, a qual nos fará constatar que, apesar de tudo, há ainda muitas pessoas rejeitando essa lógica e dispostos a se empenhar pela paz com seriedade e concretamente. Depende, sobretudo, das instituições que trabalham com jovens, a quem está confiado nosso futuro, tomar as iniciativas de diálogo.
5. Enquanto no Oriente Médio acontecem transformações, parece que na Terra Santa tudo permanece imutável. Tanto na Terra Santa como no resto do Oriente Médio, contudo, as comunidades cristãs são chamadas a dar testemunho, a transmitir confiança e não deixar espaço ao fanatismo. Hebreus, muçulmanos e cristãos são chamados aqui, nesta Terra, pela  providência, a viver juntos. Queremos demonstrar com a vida que essa vocação é possível e realizável. E com essa certeza recomeçaremos.
Pbp
Com a sigla “pbp”, o texto é atribuído ao Custódio da Terra Santa, padre Pierbattista Pizzaballa
 
 Leia hoje: São Lucas 18, 7-8

E seja Feliz!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O artista, imagem de Deus Criador

Bela mensagem !

A todos os músicos, Paz e Bem!

O artista, imagem de Deus Criador

Padre Adriano Zandoná
Foto: Wesley Almeida/Cancaonova.com
Hoje, comemoramos o dia de Santa Cecília, padroeira dos músicos; por isso queremos refletir sobre a beleza da arte no crescimento espiritual e humano das pessoas. A arte possui características terapêuticas e, de uma certa forma, confere identidade às pessoas, portanto, sobre a proteção de Santa Cecília quero refletir uma palavra a todos aqueles que participam do mundo da arte.

A arte é uma forma de linguagem, ela comunica um valor, um sentimento, algo a cada um de nós. Muitas vezes, quando contemplamos, por exemplo, um quadro, aprendemos muito mais do que quando ouvimos falar sobre algo. Por isso a Igreja sempre se utilizou desses meios para a comunicação do Evangelho.

Ela se utiliza de uma linguagem de sensibilidade. Quando ouvimos uma canção, inúmeras vezes nos deparamos com as palavras que gostaríamos de dizer; assim, a canção é um instrumento para expressar um sentimento, muito mais, elas podem nos conduzir a uma experiência com Deus. Ora, quanto mais o artista estiver unido ao Senhor, mais possui uma experiência com Ele, mais levará as pessoas à mesma experiência por meio de sua arte.

O beato João Paulo II exortou os artistas, incentivou-os a utilizar de seus dons para o crescimento das pessoas, do bem comum. Portanto, a função da arte é tornar a vida mais leve pela força da beleza. Algo só pode ser chamado de arte quando comunica princípios que valorizam o homem e sua dignidade.

Nesta carta aos artistas, do ano de 1999, o beato João Paulo II afirmou que: “Deus chamou o homem à existência, dando-lhe a tarefa de ser artífice. Na « criação artística », mais do que em qualquer outra atividade, o homem revela-se como « imagem de Deus » e realiza aquela tarefa; em primeiro lugar, plasmando a « matéria » estupenda da sua humanidade e, depois, exercendo um domínio criativo sobre o universo que o circunda. Com amorosa condescendência, o Artista Divino transmite uma centelha da Sua sabedoria transcendente ao artista humano, chamando-o a partilhar do Seu poder criador.”
"A função da arte é tornar a vida mais leve", afirma padre Adriano Zandoná.
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Os artistas contemplam sua obra criada de uma forma semelhante a que Deus nos olha. Por isso eles precisam usar seu talento para comunicar o belo, pois, pela arte, o Senhor quis, de uma certa forma, comunicar uma centelha de Sua sabedoria. O talento é um dom de Deus, por isso precisa produzir frutos.

A centralidade da nossa vida, sobretudo do artista, é a experiência com o Pai. Não basta apenas a técnica apurada, muito mais é necessário, pois os talentos que o Senhor deu a cada um de nós precisam ser colocados à disposição d'Ele para que se multipliquem, pois a arte, o talento possibilitam uma vida melhor às pessoas.

Fiódor Dostoiévski, um escritor russo, afirmava que o homem precisa da arte para não cair no desespero. Meus irmãos, o mundo tem necessidade da beleza, pois todas as vezes que as pessoas - e nós mesmos - temos acesso a uma boa arte, desperta em nós uma centelha do belo que, por excelência, é o Senhor. Portanto, a arte harmoniza as coisas dentro de nós.

Algo semelhante acontece também na liturgia por meio dos sinais. Ela, por si só, revela o mistério presente nos sinais, nos símbolos etc.

A maior forma de arte é a fé, pois ela toca no invisível. Como apresentado na Palavra de Deus: “Farei passar diante de ti toda a minha beleza (Ex 33,18)”. Deus quer nos revelar Sua beleza, pois é ela quem nos retira de todo o desespero.

Precisamos ter uma experiência com o belo de Deus, como um professor de música que, antes de ensinar os acordes aos alunos, levam cada um a ouvir os melhores acordes, induzindo-os a uma experiência com a arte.

Meus irmãos, tenham a coragem de fazer um experiência com o Senhor. Antes mesmo de entender a beleza de Deus precisamos abrir todo o nosso ser para identificarmos onde Ele se manifesta. Assim, certamente, por meio da arte, daquilo que é belo, faremos uma experiência com Aquele que é o Senhor da beleza, o Criador.

Deus nos abençoe.

Transcrição e adaptação: Ricardo Gaiotti
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Padre Adriano Zandoná
Missionário da Comunidade Canção Nova

Leia hoje: São Lucas, 19-41-44

E seja Feliz!

Estamos à Venda? Uma Reflexão

Cardeal de SP comenta leilão da virgindade de jovem brasileira

Artigo de Dom Odilo Pedro Scherer
Arquidiocese de São Paulo

Cardeal de SP comenta leilão da virgindade de jovem brasileira
Eu teria preferido escrever sobre outro assunto nesta semana, mas o leilão da virgindade de uma jovem brasileira, amplamente divulgado pela imprensa, requer uma reflexão. É um fato chocante e, ao mesmo tempo, parece tão banal que, talvez, só chamou a atenção porque o leilão aconteceu de maneira aberta, pela internet, e porque o valor do arremate foi alto. Um jovem russo tentou a mesma façanha; chamou a atenção pelo seu insucesso, pois a oferta foi muito baixa; ele desistiu do leilão e ficou deprimido.

Afinal, o que está acontecendo? Pessoas colocam livremente a própria dignidade em leilão em troca de dinheiro? O fato foi acompanhado com curiosidade morbosa e até com torcida, para ver até aonde a oferta chegaria. Chocar, por quê? Nas calçadas de certas ruas da cidade e em tantas “casas do amor” não acontece o mesmo todos os dias, sem que isso chame a atenção, ou cause consternação em ninguém? Há mesmo quem queira legalizar a prostituição, como se fosse uma profissão qualquer. Tudo se resolve no nível econômico, também para traficar pessoas, reduzi-las a escravas, vender bebês, comerciar órgãos humanos...

E há quem compre ou venda votos nas eleições, comprando ou vendendo a própria dignidade; e também quem suborne a Justiça, pondo em liquidação a própria consciência; há quem compre armas, use-as contra os outros, faça violência, mate, tudo pela vantagem econômica. E há quem trafique drogas, lucrando com o comércio da morte; e quem, simplesmente, vai roubando o que é dos outros ou de todos: tudo pela vantagem econômica que está em jogo...

Grande novidade nisso tudo não há; coisas que sempre aconteceram. O novo é que, sem nos darmos conta, estamos assimilando uma cultura do mercado, na qual o fator econômico passou a ser o referencial maior: de uma cultura de valores éticos e morais, para uma cultura do valor econômico; o bem maior parece ser a vantagem econômica, que tudo permite e legitima, amolecendo qualquer resistência do senso moral. Tudo fica justificado, se há vantagem econômica. Aonde vamos parar?

Está mais do que na hora de colocar tudo isso em discussão novamente; será que essa tendência cultural vai levar a um aprimoramento das relações humanas? A uma dignidade maior no convívio social? A uma valorização real das pessoas, ao respeito pela justiça e a paz? Provavelmente não. Certamente não. O ser humano, avaliado, sobretudo, na ótica da razão econômica, deixa de ser pessoa e vira objeto quantificável.

Nisso também não há grande novidade; no passado, houve a exploração dos escravos, dos operários, das mulheres. Mas, sob protesto. O preocupante, agora, é que essa maneira de ver e fazer passe por aceitável e normal e a própria pessoa “objetizada”, outrora considerada vítima, agora seja vista como um sujeito autônomo e livre, que faz o que quer, também com sua própria dignidade; e tudo vai bem assim...

Voltaremos às feiras em que se vendem escravos? Livremente expostos à venda, aliás, ao leilão? O leilão da virgindade, por internet, é um fato que deve preocupar educadores, juristas, filósofos... Da curiosidade morbosa, é preciso passar à reflexão, talvez com um pouco mais de vergonha diante do que está acontecendo. Nossa dignidade comum está sendo leiloada! É deprimente!

Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 21.11.2012

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo

 (FONTE: CANÇÃO NOVA)






segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Fé: Uma Alegria Renovada

Beleza tão antiga e tão nova
Imagem de DestaqueUma das páginas mais comoventes do livro das Confissões de Santo Agostinho é a oração que dirige a Deus, com um misto de alegria e de dor, ao lembrar-se das hesitações e as demoras que atrasaram a sua conversão:

«Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Tu estavas dentro de mim e eu te procurava fora: lançava-me transtornado sobre as belezas que tu criaste.  Tu estavas comigo, e eu não estava contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas criadas que, se não fossem sustentadas por ti, nem mesmo existiriam. Chamaste, clamaste e rompeste a minha surdez; brilhaste, resplandeceste, e a tua luz afugentou a minha cegueira; exalaste o teu perfume e respirei, suspirei por ti; saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti; Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo da tua paz» (liv. 10, 27).

Santo Agostinho sentiu, desde muito jovem, uma sede ardente de felicidade, de amor, de verdade. Percorreu aos trambolhões um longo caminho de procura. Foi sincero. Por isso Deus ouviu as suas súplicas e lhe deu a resposta, acendendo-lhe na alma a luz da fé em Cristo. A partir desse instante, foi invadido por uma alegria que nunca mais iria abandoná-lo.

«Senhor…, fizeste-nos para ti e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em ti», escrevia no começo das suas Confissões. Descansou na fé e no amor. Essa foi a sua experiência.

Alegria! Paz! Todos nós as desejamos… e como nos custa encontrá-las. Continuam a ser para nós um tesouro escondido (cf. Mt 13, 44). E, no entanto, poderíamos achá-las se nos puséssemos em condições de alcançar a graça da fé. Não o incentiva pensar que a Bíblia, o Novo Testamento, nos mostra que a alegria autêntica é inseparável da fé?

Lembre. Jesus acabava de nascer e já houve uns homens, os Magos, que, acolhendo com fé o sinal profético de uma estrela, empreenderam um  duro caminho. São Mateus conta assim o final dessa aventura: E eis que a estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. Ao verem a estrela – ao acharem Jesus –, sentiram uma imensa alegria (Mt 2,9-10). O tamanho dessa alegria deduz-se do texto original do Evangelho, que é difícil reproduzir com exatidão: Alegraram-se com uma alegria muito grande, e muito! Uma explosão de alegria no coração.

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Lembremos também outro relato do Novo Testamento. A comunidade cristã acabava de nascer e já sofria perseguição. Como é que viviam a fé? São Pedro o conta: Este Jesus vós o amais sem o terdes visto; credes nele sem o verdes ainda, e isto é para vós a fonte de uma alegria inefável e gloriosa, porque estais certos de obter, como preço da vossa fé, a salvação de vossas almas  (1 Ped 1,8-9).

Os testemunhos sobre a alegria da fé são inúmeros
. Quero trazer agora apenas um de tempo relativamente recente, o do jornalista André Frossard. Era filho do primeiro Secretário geral do Partido Comunista francês, e foi criado totalmente à margem da religião. Entrou um dia por acaso numa igreja, ponto de espera marcado por um amigo. De repente, instantaneamente, Deus o atingiu com a sua graça, e passou a crer sem nenhuma dúvida, a crer em “todas” as verdades da fé católica. Foi um milagre do amor de Deus, que jamais esqueceria. Assim o comentava posteriormente:

«Como esquecer o dia em que, numa capela subitamente rasgada de luz, se descobre o amor ignorado pelo qual se ama e  se respira, em que se aprende que o homem não está só, que uma presença invisível o penetra, o rodeia e o espera, que para lá dos sentidos e da imaginação existe um outro mundo, em comparação com o qual este universo material, por mais belo que seja e por mais atrativo que se apresente, não passa de vaga neblina e reflexo distante da beleza que o criou» (Há um outro mundo, Quadrante 2003).

Como já sabe, estamos no Ano da Fé, proclamado pelo Papa Bento XVI em 11 de outubro de 2011, com a Carta Apostólica Porta fidei (“A porta da pé”), comemorando os 50 anos do início do Concílio Vaticano II e 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica. Vai terminar na Solenidade de Cristo Rei, 24 de novembro de 2013. A carta Porta fidei incentiva-nos a desejar ter ou aumentar a nossa fé. Fala da «necessidade de redescobrir o caminho da fé, para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo» (n. 2).

Na audiência da quarta-feira 10 de outubro de 2012
, véspera do início deste Ano da Fé, o Papa voltou a exortar-nos a «redescobrir cada dia a beleza da nossa fé». No dia seguinte, inaugurando o Ano da Fé, voltava a referir-se em uma homilia à «alegria de crer e à sua importância vital para nós, homens e mulheres». E, poucos dias depois, na audiência da quarta-feira 17 de outubro, anunciou o seu propósito de dedicar, neste Ano da Fé, as alocuções das quartas-feiras à catequese sobre o tema da fé: «Quereria – dizia –que fizéssemos um caminho para reforçar ou reencontrar a alegria da fé, compreendendo que a fé não é algo alheio, separado da vida concreta, mas é a sua alma». Não deixe de ler, se puder, essas catequeses de Bento XVI, que pode encontrar no site www.vatican.va [em “Ano da fé” ou “Audiências”], e no site noticias.cancaonova.com, entre outros.

Na Carta Porta fidei o Papa faz um resumo sintético das finalidades dste ano: «Descobrir novamente os conteúdos da fé professada (as verdades da fé), da fé celebrada (nos Sacramentos), da fé vivida (na conduta, na vida real, na vida moral), e da fé rezada (da oração e da vida de oração)» (Porta fidei, n. 9).

Se você conhece o Catecismo da Igreja Católica, deve ter observado que, em poucas palavras, o Papa menciona as quatro partes em que o Catecismo se divide: I. A profissão da fé; II. A celebração do mistério cristão; III. A vida em Cristo; IV. A oração cristã.

É natural, pois, que a Carta Porta fidei insista em que «o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica [...]. Na sua própria estrutura, o Catecismo da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária» (n. 11).

Todos somos conclamados, portanto, a estudar e a difundir o conteúdo – assimilado, esmiuçado, traduzido em linguagem acessível – do Catecismo da Igreja e do seu Compêndio, bem como a redescobrir os documentos do Concílio Vaticano II.

Deixe-me acabar esse trecho com uma pergunta: Você vai fazer alguma coisa? O que poderia fazer para aprofundar e dar a conhecer a “doutrina” católica, os “conteúdos” da fé?
Padre Francisco Faus
http://www.padrefaus.org/

(fonte Canção Nova)

Leia hoje:  São Lucas 18,35-43

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