quinta-feira, 16 de abril de 2015

Vaidades

O homem moderno, senão o homem - de todos os tempos - peca muito, e sobretudo por sua vaidade.

Resultado de imagem para vaidadeIncontida na infância, quando os pais devem - mas muitos não fazem - ensinar os filhos que o mundo não gira em torno deles, e gradativamente vão mostrando à criança as realidades próprias, como ter hora para comer, para dormir, para brincar,  segue-se de um crescendo sempre, que ao chegar na adolescência, faz com que nos sintamos "super-homens", e, adultos, sentimo-nos os 'tais'.

O fato de não aceitarmos contrariedades nos levam a atos tão extremos que chegamos a entrar em guerras!

Com a tecnologia moderna - twiter, Facebook, Whatsapp, etc., estamos como que voltados para nossa primeira infância. Como vemos mimos, reclamações, egos inflados, quando não corpos inflados por silicones, sendo mostrados incontida e irrepetidamente nas telinhas, corpos 'pendurados' nos Instagram, expostos à própria vaidade para serem cobiçados exaustivamente pela vaidade alheia, concupiscência das concupiscências.

A vaidade paira também na indisciplina geral que encontramos nas ruas. Todos se sentem melhores do que os que lhes passam ao lado, ou sentam-se ao lado na condução. Ninguém mais é digno de receber seu "bom dia!", "com licença!", "muito obrigado!". 

Aqui no Brasil a coisa desandou de vez. Juízes, que merecem nosso respeito por serem aqueles que, por sua prudência e cautela, determinam, muitas vezes, a vida e o destino - senão jurídico, até passional - das pessoas, agora temos visto alguns em atitudes completamente desbragadas: recolhendo em sua casa bens penhorados de réus, afrontando o policial que o pára por  estar dirigindo bêbado e sem habilitação, apontando arma para seu par por motivo vil. Vaidade das vaidades.

Nossos políticos, alheios às condições de uma população crédula naqueles em que empenharam seu voto, para tentarem sair da miséria em que muitos de nosso País se encontram, estão nas páginas diárias não mais das colunas políticas, mas policiais, por peculato, lavagem de dinheiro, quando não por coisas piores.

Nossos médicos tornaram-se tão acadêmicos e abstraídos que, se tocarem no paciente ou até mesmo olharem para ele, acham que morrerão infectados.

Nossa televisão, considerada como uma das melhores do mundo, na verdade é poço de vermes, corroída da mais notória degradação a que se pode expor. O belo deu lugar ao bizarro, o romantismo deu lugar ao pornográfico, e a cultura da morte impera nos telejornais e filmes de toda espécie. Pouca coisa se salva, e à duras penas.

Até nas igrejas de várias denominações religiosas, deixou-se de falar do amor ao próximo para se erigir tratados sobre a 'Teologia da Prosperidade', onde Deus não é mais Senhor e Soberano. É moeda de troca. É troco.

A corrupção é iminente, ou emergente, em todas as camadas da sociedade.

Todos acham que "levar vantagem" é regra de ouro.

Onde tudo isso começou? Como ficamos assim?

Muitos culpam nossos colonizadores, dizendo que para cá não mandavem colonos, mas degredados da Coroa Portuguesa. O que não prestava para Portugal, deveria ser jogado fora, nas colônias. E as colônias só serviam para servir de repasto e sustento dos reinantes.

Não foi isso que Roma nos ensinou, subjugando os povos à sua 'Pax Romana'?

Mas não penso que tenha sido assim. Nosso povo, miscigenado tanto, já deveria ter absorvido muito do bom de cada raça. 

Não há vaidade maior, ou toda vaidade é enorme mesmo!, que pensar que não se precisa de ninguém.

Entretanto, ninguém caminha com um pé só. Precisa do outro para compassar.

Quando morremos, precisamos que alguém leve nosso caixão para o túmulo.

Então, ninguém pode viver só.

Precisamos levantar a cabeça de nossos smartphones, que em nada nos deixam assim tão 'smarts', e voltar a olhar nossos semelhantes 'olho-no-olho'.

Esquecer um pouco os milhares de amigos do Facebook e ir visitar os poucos amigos de verdade.

Desligar mais a TV e ir ao encontro de nossos filhos, de nossas esposas, e levá-los para passear no parque, na praia, na montanha, ou pela rua mesmo, sem destino, só pelo prazer de estar com quem nos ama e que amamos.

Disciplinar o nosso ego, 'baixando a bola' inchada de nossas razões, e aprender - é. a-p-r-e-n-d-e-r  - a ouvir o nosso semelhante, que de bom ou de ruim, sempre nos dará uma nova experiência do que fazer, ou do que não fazer.

Podemos ser melhores. Podemos porque somos assim. Só desacostumamos.

E a culpa não é dos outros. A culpa não é do governo, do vizinho, da sogra, do padre, do patrão. É minha, que sou teimoso em ouvir as boas lições que aprendi, e prefiro dar sempre ouvidos a mim mesmo.

E tenho aprendido que eu sou a pior pessoa para dar-me ouvidos.

E você?

Leia hoje: Ecl 1,1-18

E seja Feliz!




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