22 novembro,2012 | autor: Luana Oliveira |
De muitas
partes, solicitam-nos que expressemos nossa opinião sobre o que está
acontecendo em Gaza. Nada dissemos até agora, pois, honestamente, não
sabemos o que dizer. As instituições eclesiais são informadas e se
expressam a respeito, por isso não nos parece necessário repetir o que
outros publicam no rito já costumeiro de declarações equilibradas e
corretas. Em certas ocasiões, as costumeiras exortações de cessar as
hostilidades, que convidam ao diálogo, mesmo sendo verdadeiras e
necessárias, parecem longe da realidade, a ponto de parecer mensagens
hipócritas. Sobre esse enésimo e inútil banho de sangue, porém, devemos
fazer algumas considerações.
1. Mais uma vez, violência, morte e
destruição são a linguagem comum em que nos encontramos. E não tem
sentido começar a discutir sobre quem iniciou, fazer a conta dos mortos
e atribuir a responsabilidade. Sabemos apenas que não se chegou à
solução alguma e será somente questão de tempo, antes que tudo isso
recomece numa espécie de círculo vicioso. Infelizmente, uma solução
global nos parece muito longínqua.
2. Fazemos votos de que essa violência
não degenere em novos atentados e outras formas de vingança que nos
levem a tempos passados. É preciso que todos os responsáveis voltem à
moderação e impeçam toda forma de perigosa escalada de violência.
3. Diante de tanta violência e
impotência de todos, para nós que cremos, resta-nos o único recurso: a
oração. Ela nos é necessária como o ar que respiramos, para que nos
consinta de ver o que acontece com um olhar de fé. Quem crê deveria
olhar o mundo com os olhos de Deus, que é Pai, justo e misericordioso. É
o único modo para não cair na lógica da violência e da rejeição do
outro, testemunha desse enésimo conflito. Apesar de tudo o que está
acontecendo, ainda devemos crer no outro. Sem Deus é impossível.
4. Nossas comunidades religiosas devem
empenhar-se, mais do que nunca, nas muitas pequenas iniciativas de
diálogo e paz. Não mudaremos o mundo na Terra Santa, mas seremos aquela
pequena quantidade de oxigênio, a qual nos fará constatar que, apesar
de tudo, há ainda muitas pessoas rejeitando essa lógica e dispostos a
se empenhar pela paz com seriedade e concretamente. Depende, sobretudo,
das instituições que trabalham com jovens, a quem está confiado nosso
futuro, tomar as iniciativas de diálogo.
5. Enquanto no Oriente Médio acontecem
transformações, parece que na Terra Santa tudo permanece imutável. Tanto
na Terra Santa como no resto do Oriente Médio, contudo, as comunidades
cristãs são chamadas a dar testemunho, a transmitir confiança e não
deixar espaço ao fanatismo. Hebreus, muçulmanos e cristãos são chamados
aqui, nesta Terra, pela providência, a viver juntos. Queremos
demonstrar com a vida que essa vocação é possível e realizável. E com
essa certeza recomeçaremos.
Pbp
Com a sigla “pbp”, o texto é atribuído ao Custódio da Terra Santa, padre Pierbattista Pizzaballa
Leia hoje: São Lucas 18, 7-8
E seja Feliz!
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