quarta-feira, 4 de julho de 2012

Uma Grande Mulher!

Hoje eu vou falar de uma mulher. 

Até hoje, ainda não tinha encontrado uma oportunidade para isso, dada a importância que esta mulher tem em minha vida.

Vou lhes apresentar, hoje, a minha mãe.

Desde que me entendo por gente, essa mulher tem uma presença em minha vida de forma tão característica que é difícil explicar.

Não é uma presença dominadora, ou extravagante, mas vigilante, cuidadosa, amorosa.

Nunca pude olhar a minha mãe sem deixar transparecer por ela o amor, o respeito que sua presença impõe.

Apesar de ser assim tão imponente, essa presença materna nunca 'fez sombra' sobre mim.

Minha mãe sempre foi austera, sem ser rígida.

Firme, sem ser rude.

Nunca vi ninguém respeitar tanto a minha liberdade, e sei o quanto ela sempre rezou por mim, especialmente naqueles tempos em que eu andei 'desgarrado'. Se alguém já leu o livro de Santo Agostinho, "Confissões", saberá do que estou falando, pois aquele santo livro descreve não apenas a vida daquele grande Santo e Doutor da Igreja, mas reflete, em muitas situações, a minha vida e os meus dramas também! Impressionante, não? Então devo acrescentar aqui que foi por meio de sua leitura, que eu encontrei o Caminho de volta. E assim como Santa Monica derramou lágrimas por seu filho, sei que minha mãe as derramou por mim, também.

Mas não importava a dor que lhe inflingisse com meus pecados de filho desobediente e desgarrado da fé. Ela sempre me teve amor e seu sorriso jamais me faltou. Nem sua ajuda, em qualquer situação de minha vida. Eu realmente não me lembro de não ter sido atendido em algo que pedi à minha mãe, nessa vida...

Com meu pai, foi uma relação igual à de tantas outras vidas matrimoniais. Não houve nada de diferente. Um casal que se amava profundamente. Entendiam-se e se conheciam tanto que num olhar se comunicavam. Esta beleza eu guardo em meu coração, e procuro levar para meu casamento. E como isso é difícil! Então vejo, neste estado, a Graça de Deus, que concede aos seus filhos amados e amantes, o beneplácito de Seu Amor, que faz completo o amor humano. 

Minha mãe, assim - e mais, creio eu - como meu pai, vive uma fé profunda, enraizada na Oração, na meditação da Palavra de Deus, na Eucaristia e no amor filial a Maria Santíssima. Não consigo perscrutar ou penetrar esse 'mistério' de amor (sim, eu tento!).

É incrível o que minha mãe consegue com a força de sua oração. Praticamente tudo. Mas, o que ela pede? Nunca nada para si, sempre para nós, filhos e noras e genros e netos. Acho que aí reside um segredo, o de ser sempre atendida por Deus, e estar sempre na Sua Graça, e nada, nunca, ter-lhe faltado, e a nós...

Lembro-me dela durante a doença que vitimou o meu pai, e lembro-me dela no sepultamento...aqueles dias dolorosos que me afetarão até o dia de minha morte...lembro-me dela: parecia tão pequena, então...mas o seu olhar, mesmo vendo-lhe a alma em frangalhos, despedaçada, vazia, o seu olhar negro estava em riste! Atenta a tudo: a nós, filhos, a nossas necessidades, e consolava a  todos, e pude vê-la, diante das lágrimas alheias, permitir-se um sorriso cândido que consolava...ela permaneceu de pé, naquela dor que me derrubou...

Após a partida de meu pai, vi-a tratar dos assuntos do espólio como grande administradora: concentrada e decidida, para não nos fazer sofrer seu sofrimento. E eu, profissional, curvei-me diante de sua autoridade...

Não a vi chorar em momento algum. Insensível? Não! Por alguns meses após o falecimento de meu pai, ela, ao se retirar para seu quarto, trancava a porta (meus pais nunca dormiam com a porta fechada). Sei que ali, no leito nupcial, o grande altar do matrimônio, sei que ali ela chorou. Sei que, ali, ela permitiu desfalecer-se. Mas somente pelo tempo necessário, pois ela sempre nos ensinou que a cada dia vem uma nova esperança.

Como meu pai, minha mãe me ensinou os caminhos da fé. Tive a grande felicidade de tê-la como minha Catequista. Por ela aprendi o significado do Amor a Deus, à Sua Santa Palavra, à Eucaristia, à Sua Santa Mãe, à Sua Igreja.

"Em todas as circunstâncias, dai graças", diz São Paulo. Eis a lição que minha mãe aprendeu cedo, e nos ensinou logo. Nunca a vi lamentar a nossa vida difícil. Quando perdeu a sua mãe, numa batalha contra o câncer, nenhuma reclamação. Depois, durante oito anos com seu pai em uma cama, dando-lhe banho e alimento, nenhum lamento. Durante a doença de meu pai, só nos pedia orações para que ele melhorasse. Em seu sepultamento, silêncio e serenidade. Após, pediu que orássemos por ele e permanecêssemos unidos. Nunca um murmúrio.

Algum leitor desavisado poderá achar que estou floreando e exaltando esta mulher, pois afinal é minha mãe. Na verdade, estou exaltando a Deus que criou esta mulher e a deu a meu pai por esposa, para que ela pudesse vir a ser a minha mãe!

E hoje, no seu aniversário, deixo aqui minha singela homenagem a esta mulher, Euthalia Sampaio!

E não deixo de perceber, em todas as situações que narrei acima, como ela configurou sua vida com a de outra Mulher maravilhosa a quem eu também chamo de Mãe: Mãe Castíssima, Mãe Santíssima, desde que o Seu próprio Filho, do alto de um madeiro a nominou como minha também, dizendo-me: "Filho, eis Tua Mãe!" (Jo 19,27)

Sou feliz hoje, mãe, porque posso olhar para a senhora e ver o Amor de Deus pelos seu olhos, e no seu abraço, sentir o abraço materno de Maria, e na sua voz, a voz cândida do Espírito Santo, e no seu exemplo seguir os passos de Jesus.

"Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus." (Mt 5,16)

Feliz! Feliz! Feliz aniversário, minha mãe!

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