Deus concede a cada um, um dom, uma graça, que vai diferenciar aquela pessoa de todas as outras.
Hoje, encontrei-me pensando nisso, nesses já passados seis meses de falecimento de meu pai.
Raphael Sampaio, homem de coração simples, à beira da ingenuidade que gera santidade.
Mas não era 'santo', na acepção da palavra. Era cheio de defeitos, como qualquer homem.
Apesar disso - e esse era o diferencial - sabia o caminho que precisava seguir, para chegar a um estado mais perfeito. E seguiu esse caminho o quanto pode. E nos ensinou esse caminho, trilhando o caminho. Só fomos atrás. Tenha orgulho, meu pai!
Num dos últimos dias de sua vida, minha mãe o viu sentado no leito do quarto, parado por muito tempo, olhando para nada. Perguntou-lhe se estava tudo bem. Ele respondeu que desejava ter 'as crianças' (como ele sempre chamou a nós, seus filhos) reunidas para pedir-nos perdão. Naquele momento, minha mãe soube que ele já estava conscio de que iria morrer.
Meu pai não pode reunir a família para se despedir. Não no hospital. Mas antes, estivemos juntos em muitas oportunidades em que pudemos fazer isso, e graças a Deus, fizemos. Meu pai foi para a Eternidade sem nos dever nada. E somos gratos a Deus por isso.
Esta perspectiva de vida que ele tinha - a de sempre se adiantar em fazer algo, não deixando para depois, principalmente no campo espiritual, era uma característica marcante de sua personalidade.
E isso já foi notado por várias pessoas que o conheceram.
Hoje, estou mais triste do que costumo ficar quando me lembro dele. A saudade é um punhal muito afiado. E sempre acerta no coração. Mas, na fé e na esperança, sei que ele vela por nós, junto de Deus, e isso ameniza as coisas por aqui.
Quando eu era pequeno, diante do meu pai, eu nunca queria mostrar minha fraqueza, e ele ria, sem nada dizer, pois entendia o quanto sua personalidade me influenciava.
Agora, sem sua presença física, sem seus conselhos, sem seu olhar penetrante, sinto minha fraqueza, e não desejo mais escondê-la.
E isso tem-me feito mais forte.
Leia hoje: Jó 11, 5-6
E seja feliz!
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