terça-feira, 9 de abril de 2013

Lição de Humildade

Não faz muito tempo - alguns dias - eu fui rotulado de 'grosseiro'. 

Sei que minha atitude, que gerou o comentário, foi altiva, até porque tenho a atitude de minhas convicções, e se assim agi, foi por defesa delas. Mas, depois, analisando os fatos, vi que meu comportamento não foi mais forte do que a atitude de quem me rotulara.

Isso nos leva a pensar o seguinte.

É difícil agradar aos outros, por isso nem tento. Mas contemporizo, quanto possível. Pois esse é o essencial. Evitar litígios. Não estou falando que devamos falsear nossos temperamentos, ou fingir sorrisos ou 'caras-feias'. Sejamos justos. Isso basta.

Extrapolamos? Com certeza! Eu confesso que extrapolo, e muito! Meus temperamentos vêm das terras da Cidade Eterna - La Mama Itália! - mas também vem de lá a Fé que professo. E justamente por isso, lembro-me sempre de um Santo sul americano que pedia a Deus: "controle meu gênio, Senhor!", por saber que era de temperamento difícil.

Pensamos que nos falta a humildade. Nada disso! Dia desses ouvi de um sacerdote o seguinte: "Ser humilde é ser sincero. É ser verdadeiro. É ser coerente, mas sem ser rude." Muitos pensam que ser humilde é viver de cabeça baixa e dizer 'amém' pra todo mundo... Isso é ser subserviente, o pior a que um ser humano pode se rebaixar. Não somos menores nem maiores que ninguém! Porque, diante de Deus, somos todos iguais!

Já ouviu falar da 'lógica eisteniana'?

O que nos faz diferentes são os dons que Deus nos dá.

Nos fazemos 'servos' dos outros, numa atitude livre, não de escavidão, por amor. Por caridade.

Ser acusado de faltar a caridade não me incomoda. Conheço meus pecados melhor do que qualquer um, pois meus pecados vêm de meu coração, e eu coloco, diariamente, o meu coração diante do altar de Deus, e peço que Ele tenha misericórdia de mim e me coloque no meu lugar.

O que me incomoda é saber que alguém que nos acusa de algo, acaba sofrendo do mesmo mal com o que rotula o outro. Correção fraterna é uma coisa. Acusar alguém, pelo simples fato de nossa atitude ter ido em confronto com suas opiniões e conceitos sobre algo, ou alguém, é outra. Até porque divergir pode ser educativo.

Crescemos, diante de uma atitude de conflito, para podermos superá-la. O processo de amadurecimento do ser humano passa pela senda das crises, também. Crescemos, quando nos abrimos para colher o que é positivo na crise. Como disse Nietzche, "o que não provoca a minha morte faz com que eu fique mais forte".

Diante da situação que me ocorreu, não parei no comentário feito e fiquei 'ruminando'. Avaliei a situação; e dela retirei o que havia de bom para mim. A primeira coisa que me veio foi compreender a atitude do outro. Seus motivos, suas inquietações. Minha atitude poderá ter-lhe sido benéfica, também, se o tirou de seu lugar-comum, e fê-lo dar um passo em direção a seu amadurecimento e crescimento interior. Se sim, dou graças a Deus.

Coloquei-me diante de Deus, e Ele me respondeu com o Salmo 72: "Então foi em vão que conservei o coração puro...? Reflito para compreender esse problema, e mui penosa me pareceu essa situação, até o momento em que entrei em vosso santuário...para mim, a felicidade é me aproximar de Deus, é por minha confiança no Senhor Deus." (Sl 72,13.16-17a.28a).

Vivemos esses dias soleníssimos da Páscoa do Senhor, e da festa da Misericórdia. Estamos encontrando, no Papa Francisco, um homem de uma sabedoria singular, e de uma expressão vívida da verdadeira humildade e caridade cristã.

Em sua homilia, ontem, o Papa Francisco nos ensina que o verdadeiro amor cristão é rebaixar-se a si mesmo, na humildade, assim como fez Deus, em Sua kenosis.

Isso nos mostra que temos muito que aprender. Não conosco, mas com Aquele que nos criou e nos amou até a morte, e morte de cruz.

No fim, devo agradecer a quem me criticou. Cresci mais um degrau como ser humano.

Lição aprendida, que esperarei viver com a graça de Deus. Amém!


E seja Feliz!

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