Glossário de Bioética: a "doce morte" acabou significando também "dar morte a uma pessoa com prognóstico negativo"; uma "morte rápida", porém, não é sinônimo de "morte digna".
(Zenit.org) Carlo Bellieni
A “morte doce” acabou significando "dar morte a uma pessoa com prognóstico negativo", embora a "morte rápida" não seja sinônimo de "morte com dignidade": pode ser entendida como "morte doce”, afinal, aquela que é vivida com coragem e na companhia dos entes queridos; facilitar a morte de alguém é um ato prejudicial ao corpo social, diferentemente da suspensão de cuidados desnecessários, dos quais ela deve ser bem diferenciada.
Realismo
Literalmente, eutanásia significa
"morte doce"; na linguagem comum, ela significa "morte provocada
(a fim de evitar o sofrimento grave)", que mal se distingue do suicídio
assistido de uma pessoa que consente nessa prática. Dentro do contexto da
eutanásia, inclui-se a suspensão da assistência médica voltada a salvar a vida,
ou seja, a determinação de não reanimar o paciente caso haja risco urgente para
a vida, ou de suprimir os medicamentos e até mesmo a hidratação e a
alimentação. Fala-se, assim, de eutanásia ativa e passiva (ou omissiva).
A razão
A eutanásia realmente preserva a dignidade
da pessoa? Seu objetivo declarado é duplo: evitar o sofrimento e a possível
diminuição da dignidade da pessoa. Entretanto, para combater o sofrimento
existem excelentes medicamentos; já a questão da dignidade da pessoa é mais
complexa: haverá mesmo algo que diminua a dignidade de uma pessoa? Morrer de
velhice é mais digno que morrer de câncer?
O que deve ser assegurado de todas as
maneiras é que a pessoa receba todos os cuidados a que tem direito, incluindo
os paliativos, e que transcorra a etapa final da vida nas condições mais
serenas possíveis. A questão, assim, é “ajudar a morrer bem”, o que não
significa "decidir quando", mas "como": isto é, no melhor
ambiente e com o melhor atendimento e companhia. A eutanásia é apenas um atalho
para não se abordar o problema dos direitos reais do moribundo.
De que tipo de cultura nasce a ideia de
escolher quando morrer? O slogan "Eu decido quando e onde morrer" é
um exagero com propósitos polêmicos. Pouquíssima gente ficará paralisada sem
poder expressar a própria opinião e precisando de alguém que lhe escolha o
tratamento médico adequado. Esse slogan nasce também de uma cultura de
autonomia extrema, na qual o meu valor reside na minha capacidade de me
autogerir: é claro que isto é bom, mas não diminui o valor da pessoa que
precisa ser cuidada até nas necessidades mais simples. Suspender o tratamento é
válido apenas se o tratamento é insuportável ou não é eficaz.
O sentimento
Não se pode supor que qualquer um vá
decidir antecipadamente o que escolher quando estiver doente. Mas há um aspecto
social que precisa ser levado em conta: o cuidado das pessoas gravemente
doentes deve ser uma exigência legal das autoridades locais e do Estado, que
devem facilitar a situação das famílias e dos indivíduos. Hipocrisia é falar
contra a eutanásia fingindo-se que a pessoa deprimida ou idosa não é abandonada
pela sociedade. Ao mesmo tempo, é muito fácil para o Estado simplesmente
permitir a eutanásia em vez de dar o melhor das suas possibilidades para ajudar
os doentes.
(06 de Novembro de
2013) © Innovative Media Inc.
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