sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Crise Não! Oração!

Recentemente deparei-me com situações de conflito entre alguns irmãos de fé, na Igreja.

No meio da crise, nós temos a tendência de reagir, antes de usar a prudência. E a reação sempre gera conflitos, nunca soluções.

Esquecemo-nos de que quem deve nos guiar, e a nossas atitudes, na caminhada da fé cristã, é, sempre, o Espírito Santo.

Então, pude analisar, diante do conflito pelas divergências, que isto é justamente aquilo que satanás deseja. Separar. Dividir. Satanás ou Satã (do hebraico שָטָן, adversário/acusador, no koiné Σατανάς Satanás; no aramaico צטנא, em árabe شيطان). Adversário. Acusador dos irmãos.

Por isso Jesus nos ensina: "Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão." (São Mateus, 7, 1-5)

Porque, quem julga, está acusando, e quem acusa é o demônio. Acusa para separar. E São Paulo nos adverte: "Sois assim tão levianos? Depois de terdes começado pelo Espírito, quereis agora acabar pela carne?" (Gálatas, 3,3)

O Espírito Santo é o Unificador. 

Esta realidade tem sido muito esquecida na vida da Igreja, quero dizer, na nossa vida de fé. Somos filhos de Deus, pelo Espírito Santo que nos une em Cristo Jesus!

"Pelo Espírito, temos parte com Deus. (...) Pela participação Espírito, nós nos tornamos participantes da natureza divina. (...) Por isso, aqueles em quem o Espírito habita são divinizados." (Santa Joana D'Arc)

A realidade divina toda se manifesta através da vida da Igreja, e pela Igreja ela se irradia - como luz nas trevas - a todo homem que aceitar a fé. E todo o que aceita a fé em Cristo Jesus, pelo Batismo, passa a viver nesta unidade eclesial (eclésia, em grego: Εκκλησία, ekklesia, significa assembléia).

Daí, então, ser inadmissível que Irmãos na Fé, partícipes do mesmo Corpo Místico de Cristo (Coríntios, 12,27), se acusem entre si, sem que, assim agindo, se tornem ex-communio.

Um pensamento positivo que procuro ter, nesses momentos, é o de que, se há digressão, é porque há a tentação, e se há a tentação, é porque estamos na Graça!

E se estamos na Graça, o que devemos fazer é rezar: "não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal"! Porque se estamos sendo tentados, é bom sinal! Sendo testada a nossa fé, e sendo perseverantes, sairemos vitoriosos!

Mas não nos enganemos. Fujamos das tentações. Sejamos sóbrios e perseverantes na oração (I Tessalonicenses 5,6). Apliquemos a correção fraterna, mas antes, façamos nosso exame de consciência diário, para não nos deixarmos enganar por nossa vaidade. E acima de tudo, rezemos. Por nós, por nossos Irmãos. Se eles são mais fracos, rezemos em dobro, para que o Espírito Santo venha sempre em seu socorro e amparo.


Nossa Senhora, Medianeira de Todas as Graças, deve estar sempre a nosso lado, conosco. Nesses momentos de crise, apeguemo-nos a Ela, sobretudo pela recitação diária do Santo Terço. É remédio infalível para combater a satanás e nos coloca sempre ao dispor Dela, para servirmos a Seu Filho Jesus!

Antes de acusar, é preferível calar-se. Sua resignação poderá emendar o seu Irmão melhor do que suas palavras, por mais dóceis e sensatas que sejam.

Há um ditado: "Somente diga algo se suas palavras forem mais importantes que o seu silêncio". Tenho aprendido que nunca são.

Para arrematar, apresento um texto de Sandro Arquejada, da Comunidade Canção Nova, que vale à pena ler.

Crise, oportunidade de sermos aliados e não concorrentes
É no calor da provação que podemos encontrar um grande aliado

Onde existem pessoas há também divergências. É natural! Simplesmente porque não somos iguais. E conforme ocorrem os fatos do cotidiano, as disparidades entre os seres humanos vão sendo estampadas. Entretanto, infelizmente em algumas vezes, essas diferenças ficam à mostra por força de desentendimentos. “É impossível que não haja escândalos” (Lc 17, 1).
Administrar tensões entre pessoas não é fácil nem mesmo em condições favoráveis, contudo, os conflitos de opinião, de temperamentos, as ideais opostas, entre outros, tornam-se ainda mais pontos frequentes de intolerância quando se atravessa uma crise.
Nas situações confortáveis, os ânimos entre pessoas em desacordo podem ser mais suportáveis, afinal, existem outras condições propiciadas pelo meio ambiente que são compensatórias. Pratica-se a política da boa vizinhança. O indivíduo adapta-se a algo que acha ruim no outro e faz a opção de conviver com isso para manter um benefício que seja comum a ambos. É viver algo do tipo “manual de sobrevivência, política da boa vizinhança”. As pessoas não se envolvem na vida das demais, para não necessitarem entrar nos pontos conflitantes. Sabem que os possuem, mas assim, evitam atritos, “fingindo” que está tudo bem.
Por outro lado, na dificuldade, a compensação não existe ou é escassa, então, a tendência dos seres humanos é de voltarem-se uns contra os outros. Passa a valer o pensamento “cada um por si” e “salve-se quem puder”. A guerra é declarada, a competição instalada. Dessa forma, apontam-se os erros uns dos outros, todos buscam uma forma de esquivar-se da responsabilidade daquilo que não deu certo e tentam mostrar que o culpado pelo desacerto é aquele que se tornou seu opositor.

Interessante notar que a crise vem quase sempre de um fator externo que influencia negativamente o núcleo da instituição onde estamos - casamento, empresa, associação ou comunidade – e que deixamos atingir o âmago da identidade nas pessoas envolvidas.
Algumas vezes, nem precisamos estar em pé de guerra com alguém para colocarmos as garras de fora. Basta que a situação confortável fique ameaçada para mudarmos de atitude com o próximo.
Até mesmo na amizade ou em bons relacionamentos em que não prevalece essa má impressão de um para o outro, quando passamos por uma crise, ferimos as pessoas e primeiro tentamos salvar a nós mesmos. O amor acaba quando somos "desinstalados" e provados com a justificativa de “amigos, amigos, negócios à parte”.
Porém, é justamente na crise que a concórdia e a parceria precisam funcionar. Essa é a hora de as diferenças serem somadas e colocadas a proveito do conjunto. Qualquer que seja a instituição ou dificuldade em que nos encontrarmos com o outro, é pelo trabalho e pela soma dos esforços das pessoas envolvidas que obteremos a solução.
Se os desafetos forem deixados em segundo plano e mesmo contra a vontade, num primeiro momento, os seres humanos moverem-se com o propósito de fazer dar certo, a força propulsora de qualquer empreendimento estará focada e concentrada num objetivo. Então, as chances de tudo sair bem e atravessarem a crise aumentarão e muito.
Além do que, nessa associação de esforços, as qualidades dos conflitantes serão percebidas por eles mesmos, mais facilmente. Talvez um ponto que nunca se tenha visto em alguém fique a partir daí evidente.
É no calor da provação que podemos encontrar um grande aliado e as potencialidades são reveladas. Da diferença que temos com alguém, podemos descobrir uma riqueza que nos completa.
Deus o abençoe!
Sandro Ap. Arquejada-Missionário Canção Nova
sandroarq@geracaophn.com

Seja Feliz!

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